Preferida do companheiro – No período de quatro anos (campanhas de 2010, 2012 e 2014) o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, preso pela Polícia Federal na décima segunda etapa da Operação Lava-Jato, na última terça-feira (15), distribuiu R$ 25,2 milhões para sete lideranças do PT do Paraná: a senadora Gleisi Helena Hoffmann e os deputados Enio Verri (presidente estadual do partido), Zeca Dirceu, Tadeu Veneri, Pericles Mello e Professor Lemos, além do ex-deputado André Vargas.
Gleisi foi beneficiária da maior parte dessa bolada que pode ter origem em desvios na Petrobras. Em 2010, a senadora petista recebeu R$ 1,9 milhão do diretório nacional do PT, enquanto que na campanha de 2014 o aporte foi de R$ 16,3 milhões. No total, nas duas campanhas, Gleisi recebeu R$ 18,2 milhões.
Em 2014, 75% da campanha de Gleisi foi financiada por repasses de Vaccari, que recebeu os recursos da JBS, Sanches e Tripoloni, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, UTC, CR Almeida, Seara Alimentos, Banco Safra, entre outros. Esses valores computam apenas arrecadações feitas “por dentro”, com registro. Não entra nesse cálculo o R$ 1 milhão recebido “por fora” em 2010, pagamento denunciado pelos delatores Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, que valeu a Gleisi a inclusão de seu nome na fatídica “Lista de Janot”.
O presidente estadual do PT, deputado Enio Verri, que já tem duas condenações por improbidade administrativa, recebeu R$ 1,3 milhão em repasses de Vaccari. Na campanha de 2014 foram R$ 115 mil (doados por Gleisi e Andrade Gutierrez) e na campanha a prefeito de Maringá, em 2012, foram R$ 1,2 milhões em repasses do diretório nacional.
O deputado Zeca Dirceu, filho do deputado cassado e mensaleiro condenado José Dirceu, recebeu R$ 1,8 milhão do diretório nacional nas campanhas de 2010 2014. Em 2010, o Zeca recebeu R$ 665 mil (até 2012 não se relacionava os doadores via diretório nacional). Em 2014, o petista recebeu R$ 1.142.086,00 através de Vaccari, na esteira de “doações” da Engevix, JBS, Carioca, Etesco, CRBS e UTC.
O deputado Professor Lemos, principal liderança da APP-Sindicato e líder da violenta invasão da Assembleia em fevereiro último, recebeu R$ 1.117,50 em repasses do diretório nacional nas campanhas de 2010 e 2012. Em 2010, foram R$ 19 mil e em 2012 mais R$ 1,098 milhão para sua campanha à prefeitura de Cascavel. Em 2012, o deputado Péricles Mello recebeu no caixa de sua campanha à prefeitura de Ponta Grossa R$ 1.683.000,00 em repasses de Vaccari.
Contudo, chama a atenção o caso do deputado petista Tadeu Veneri, típico professor de Deus, monopolizador da verdade e da honestidade. Veneri, em 2011, foi investigado pelo Ministério Público pelo uso irregular de verbas de gabinete. Além das doações do tesoureiro preso, Veneri tem uma suspeita proximidade com a empreiteira Odebrecht, investigada pela Operação Lava-Jato.
Apesar de ser um crítico feroz dos pedágios e das Parcerias Público-Privadas, Tadeu Veneri foi o único candidato da Assembleia Legislativa do Paraná a receber doação da construtora Odebrecht. Na prestação de contas da campanha de Veneri, entregue ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, há o registro de duas contribuições com recursos da empreiteira: uma de R$ 71.250,00 e outra de R$ 142.500,00 – totalizando R$ 213 mil. A Odebrecht está encarregada da duplicação de rodovia no Paraná, obra que contará com pedágio.