Preciosismo burro – Na quinta-feira (16), a Justiça de São Paulo determinou que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) divulgue o índice negativo do Sistema Cantareira. A liminar foi concedida pelo juiz Evandro Carlos de Oliveira, da 7ª Vara de Fazenda Pública, a partir de ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual (MPE) no dia 10 de abril.
De acordo com o novo número, o principal manancial da Grande São Paulo opera com -9,3% da capacidade. Com base no antigo índice, o reservatório está com 19,9%, o mesmo volume do dia anterior. Vale ressaltar que é o 75º dia sem queda. Desde julho de 2014, o Cantareira opera somente captando água do chamado “volume morto” das represas, que fica abaixo do nível das comportas. Segundo o cálculo, o volume das reservas técnicas é subtraído do volume armazenado, o que deixa o valor negativo.
A Sabesp divulga, ainda, o porcentual do Cantareira considerando o volume útil acrescido do volume de reserva técnica. Nesse índice, adotado em março, o sistema manteve-se estável com 15,4% nesta sexta-feira. Na prática, tanto a metodologia que deixa o manancial com 19,9% quanto a que mostra 15,4% consideram o mesmo volume de água armazenada disponível. O que muda é a base de comparação. Na primeira, o porcentual resulta da divisão do volume armazenado pelo volume útil, que desconsidera o volume morto. Na segunda, a água disponível no manancial é comparada ao volume total, que traz a capacidade do Cantareira incluindo os dois volumes mortos.
Choveu apenas 6 milímetros nas últimas 24 horas sobre a região do Cantareira. Nos dezessete primeiros dias de abril, a precipitação acumulada é de 15,7 mm, somente 30% do esperado para o período caso a média histórica de 2,9 mm de chuva por dia estivesse se repetindo.
O sistema Alto Cotia foi o único reservatório que registrou aumento do volume de água armazenada entre quinta-feira e esta sexta-feira. Mesmo sem o registro de chuvas, subiu de 65% para 65,2%. Já os Sistemas Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Claro se mantiveram estáveis em 22,1%, 83,3% e 45%, respectivamente. Por sua vez, o único manancial que caiu foi o Rio Grande, que teve queda de 0,2 ponto porcentual e passou de 96,5% para 96,3%. (Por Danielle Cabral Távora)