Caminhoneiros prometem parar se governo não atender principal reivindicação da categoria

caminhoneiros_05Hora da verdade – Termina nesta quarta-feira (22) o prazo de trinta dias dado pelos caminhoneiros para que o governo da presidente Dilma Vana Rousseff atenda a mais importante reivindicação da categoria, feita por ocasião da paralisação ocorrida em março no estilo cascata. À época, os caminhoneiros cobraram do Palácio do Planalto a redução do preço dos pedágios e do valor do diesel, mas o pleito mais importante foi a fixação de uma tabela mínima de frete.

Em reunião que começou em Brasília ainda na noite de terça-feira (21), feriado de Tiradentes, e terminou nas primeiras horas da madrugada, os caminhoneiros mais uma vez deram mostras de que estão preparados para nova paralisação, caso o governo dê as costas aos profissionais que transportam boa parte do PIB brasileiro pelas rodovias nacionais.

Na tentativa de evitar o pior, o governo agendou para esta quarta-feira, às 14 horas, uma reunião com a participação do secretário-geral da Presidência da República, Miguel Rossetto, e dos representantes dos caminhoneiros na Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A proposta que estará sobre a mesa de negociações é a criação, por parte do governo petista, de uma tabela com valores mínimos de frete, o que por certo acabará com a escravização dos motoristas, que muitas vezes acabam aceitando valores escorchantes em virtude dos compromissos financeiros assumidos, começando pelo financiamento dos caminhões.

Os caminhoneiros sabem que a fixação de uma tabela de preços é inconstitucional, mas querem que o governo busque inspiração na Medida Provisória que fixou preço mínimo para os cigarros (MP 540/2011). No caso de o Planalto aceitar a proposta, os caminhoneiros prometem suspender o movimento que pode culminar com nova paralisação.

Se o governo insistir na ausência de bom senso, aproximadamente 1 milhão de caminhoneiros devem parar a partir da meia-noite desta quarta-feira, provocando no País um caos muito maior do que o anterior. É preciso que a população dê total apoio aos caminhoneiros, pois no setor de transportes quem vem lucrando de forma isolada são os embarcadores de carga, que pagam valores pífios pelos fretes. A ideia de criar um piso é tão válida quanto necessária, pois a partir do mesmo o mercado se regulará com base na tese da oferta e demanda.

Dilma Rousseff, que vive uma grave crise político-institucional, terá uma prova de fogo para provar aos cidadãos sua capacidade de negociar em momentos de dificuldade. Diferentemente do que pensa a maioria dos brasileiros, os caminhoneiros não estão a colocar uma espada sobre o Palácio do Planalto, mas exigindo remuneração digna, o que garantirá a continuidade do setor de transporte rodoviário. Não se pode querer que os caminhoneiros trabalhem de graça. Resta aguardar uma eventual manifestação de sensibilidade por parte dos integrantes da cúpula do governo.

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