Depoimento de Gleisi à PF, sobre envolvimento na Lava-Jato, tem viés de baralho marcado

gleisi_hoffmann_82Tudo combinado – Uma situação absurda foi revelada pelo jornal “O Globo” envolvendo os bastidores das investigações da Operação Lava-Jato. De acordo com o jornal, a pressão da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) sobre a Polícia Federal está entre os motivos que levaram a Procuradoria-Geral da República a pedir a suspensão no STF (Supremo Tribunal Federal) das investigações de políticos acusados de envolvimento no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história.

Assessores de Gleisi e do senador Humberto Costa (PT-PE), segundo o diário carioca, pressionaram a PF e teriam aplicado uma espécie de “carteiraço” para facilitar os depoimentos dos dois senadores que são acusados de levar dinheiro do Petrolão. No caso de Gleisi, o absurdo foi ainda maior. A Procuradoria-Geral da República denunciou a existência “de perguntas e respostas prontas, antes mesmo da chegada de um procurador para participar do depoimento”.

Gleisi e Humberto Costa são suspeitos de receber recursos desviados da Petrobras para suas campanhas eleitorais. Os inquéritos abertos no STF investigam os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os dois petistas teriam sido ouvidos pela PF, após pressão dos assessores.

“O caso envolvendo a existência prévia de perguntas e respostas é o de Gleisi. Não é usual um depoimento começar com uma transcrição pré-existente do material. Quando a senadora chegou para depor, o delegado da PF já detinha os papéis. Não está claro quem produziu o material. Todo depoimento conta com a participação de um delegado e de um procurador da República”, destaca a reportagem de Vinicius Sassine, em “O Globo”.

Ao pedir a suspensão das diligências ao ministro Teori Zavascki, do STF, relator dos processos da Lava-Jato, a PGR levou em conta que os depoimentos colhidos até então não obedeciam à coordenação lógica, com investigados sendo ouvidos antes de testemunhas. Teori concordou com a suspensão. A ideia da PGR é restabelecer uma coordenação seguindo os protocolos desse tipo de diligência. A previsão é que os depoimentos sejam retomados em breve. A ordem das oitivas seria a estabelecida pelos investigadores.

O grupo de trabalho montado na PGR para investigar autoridades com foro privilegiado já negocia uma reunião com o grupo de delegados da PF responsável pelas diligências. O objetivo é acertar os detalhes desse novo cronograma. Ao todo, 13 senadores, 22 deputados federais e 12 ex-deputados federais – além do tesoureiro petista João Vaccari Neto e do operador do PMDB, Fernando Baiano – são investigados em inquéritos abertos no STF.

Oficialmente, a PF não quis comentar o caso. Mas investigadores do caso negaram que tenha havido algum tipo de concessão aos investigados. E disseram que um delegado teria apenas elaborado um roteiro de perguntas, mas sem mostrá-lo ao interrogado. Segundo um policial, se tivesse havido, de fato combinação de pergunta e resposta, o procurador que alega ter visto isso teria que ter pedido investigação contra o delegado sob pena de estar prevaricando.

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