CPI da Petrobras: delator admite corrupção e confirma pagamento de propina ao PT

(Lúcio bernardo Jr. - CD)
(Lúcio bernardo Jr. – CD)
Tiro certeiro – Presidente da construtora Toyo Setal, o empresário Augusto Mendonça Neto prestou depoimento, nesta quinta-feira (23), aos membros da Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras, que investiga os crimes cometidos no âmbito do Petrolão, o maior escândalo de corrupção de que se tem notícia.

No início da noite de quarta-feira (22), a companhia petrolífera divulgou balanço auditado, com cinco meses de atraso, no qual reconhece que apenas os desvios causaram prejuízo de R$ 6,2 bilhões à companhia em 2014. Sem contar o superfaturamento dos contratos e a roubalheira ocorrida ao longo da última década, o que só foi possível com a anuência do governo do PT.

Durante o depoimento, Mendonça Neto confirmou que a corrupção na Diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque, era institucionalizada e que “em cada contrato eles queriam propina”. Ainda de acordo com o depoente, o valor das propinas saía da margem de lucro das empresas.

Falando sobre o cartel criado por empresas do setor, o delator informou que o objetivo era “autoproteção”, ou seja, as empresas decidiam entre si com qual projeto cada uma ficaria. Apesar dessa afirmação, Mendonça afirmou que não havia um oligopólio no segmento, até por volta de 2005, quando a diretoria da Petrobras passou a combinar as contratações com o cartel e fazer convites direcionados para a participação dos contratos da estatal.

Ainda de acordo com o executivo, apenas a Toyo Setal repassou cerca de R$ 80 milhões em propinas para a Diretoria de Serviços da Petrobras, além de aproximadamente R$ 30 milhões para a Diretoria de Abastecimento, comandada à época por Paulo Roberto Costa, condenado a sete anos e seis em um dos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

O deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), autor de um dos requerimentos de convocação do empresário à CPI, o inquiriu acerca de repasses feitos ao diretório do Partido dos Trabalhadores (PT), tema que foi confirmado na íntegra e sem qualquer hesitação. Não obstante, Augusto Mendonça Neto confirmou também que havia a orientação de Costa para que os acertos fossem feitos diretamente com João Vaccari Neto, então tesoureiro do PT.

Na opinião do parlamentar gaúcho, o depoimento do presidente da Toyo Setal “derruba a versão de Vaccari, que afirmou que só se envolveu com ‘captações legais’ desde sua chegada à tesouraria do PT, em 2010”.

A situação do Partido dos Trabalhadores tornou-se ainda mais grave a partir do depoimento desta quinta-feira, pois não há mais como negar o envolvimento da legenda com o escândalo de corrupção que provocou prejuízo bilionário à Petrobras, que, segundo o próprio partido, corria o risco de ser privatizada caso o PSDB retornasse ao Palácio do Planalto. Diante do escândalo do Petrolão, privatizar a petrolífera brasileira seria um crime menor.

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