Presidente da Petrobras “vende” futuro promissor e diz que estatal terá novo plano em 40 dias

aldemir_bendine_04Cortina de fumaça – Aldemir Bendine, presidente da Petrobras, afirmou que a divulgação do balanço da companhia permitirá retomar a credibilidade da estatal e, consequentemente, partir para a revisão do planejamento estratégico e reorganização administrativa da empresa.

Bendine, que participou de audiência conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Infraestrutura (CI) do Senado, afirmou: “vencemos um capítulo que era a questão da retomada da credibilidade da empresa, também na questão de sua financiabilidade”. De acordo com o executivo, a Petrobras deve apresentar em 30 a 40 dias um novo plano de negócios “diante da nova realidade” e fazer agora uma reorganização administrativa, com foco na governança e mitigação de riscos.

O presidente petrolífera ressaltou que erros de planejamento e problemas na gestão dos projetos influenciaram o resultado da empresa, que recentemente divulgou prejuízo de R$ 21,587 bilhões em 2014. O executivo afirmou também que a queda do valor do barril de petróleo foi um dos fatores que mais impactaram os ativos da empresa, além da volatilidade cambial e alta do dólar.

“Tínhamos um desafio de apresentar um balanço crível que de fato refletisse a situação da empresa em 2014. Tivemos uma situação que o balanço ficou em aberto, e isso traz consequências realmente danosas para uma empresa de capital aberto como a Petrobras”, ratificou.

Segundo Bendine, a metodologia que vinha sendo trabalhada para a avaliação dos prejuízos da empresa – pelo valor justo do ativo – não era adequada ao modelo contábil utilizado pela companhia. Antes de deixar a presidência da estatal, Maria das Graças Foster chegou a dizer que os prejuízos com os desvios detectados pela Operação Lava-Jato e impairment poderiam chegar a R$ 88 bilhões, dependendo da metodologia.

“Fizemos um teste de imparidade para mostrar efetivamente a real situação de um ativo para o futuro, o quanto pode gerar de retorno”, revelou o executivo, em referência à metodologia utilizada para calcular as perdas divulgadas no balanço.

O presidente da Petrobras revelou que a empresa está preparando um plano, que será anunciado ainda em 2015, para reduzir o atual patamar de 4,7 anos da relação de endividamento sobre o Ebitda, para “algo como 2,5 a 3 anos”. Ainda de acordo com Bendine, a “solução” para as dívidas elevadas da empresa “não se dará neste ou no próximo ano”.

“Há uma série de possibilidades de gerar rentabilidade em ativos, como malha de dutos”, disse o executivo, indicando um dos caminhos para aumentar a entrada de recursos na companhia, de forma a reduzir o patamar de endividamento. “São receitas extraordinárias que podem antecipar a melhoria do endividamento”.

Aldemir Bendine fez referência à malha de 14 mil quilômetros que a companhia tem na área de óleo e gás no país. “Temos uma malha enorme de dutos e podemos, com a Transpetro, ir nessa malha de dutos para vender ou fazer parcerias com empresas de telecomunicações para que elas transitem nesses dutos, que já estão prontos e são modernos, para elas passarem fios de fibras óticas”, disse.

“Não havia uma visão de sinergia na companhia e com o valor agregado podemos ter uma possibilidade enorme de trazer rentabilidade extraordinária”, disse o presidente da Petrobras, fincado no cargo apenas por ser mais um na fila dos obedientes à petista Dilma Rousseff.

O presidente da companhia afirmou que o Plano de Investimentos da Petrobras privilegiará exploração e produção de petróleo e gás, e menos a construção de refinarias e fábricas de fertilizantes. “Cerca de 80% dos valores a serem investidos serão direcionados à nossa principal atividade que é a exploração e produção”, afirmou, em audiência conjunta das Comissões de Assuntos Econômicos e de Infraestrutura do Senado.

Na última semana, Bendine afirmou que não pretende voltar ao passado recente da estatal, em que houve descolamento de preços dos combustíveis do mercado interno e externo.

O executivo afirmou que a companhia trabalha com um preço médio de US$ 70 pelo barril de petróleo para o ano que vem, o que é considerado por ele como “muito razoável”, uma vez que o barril fechou o ano de 2014 cotado abaixo de US$ 50. “Temos uma perspectiva razoável de melhoria de preço do barril de petróleo”, revelou.

Ele ainda admitiu que atrasos de pagamentos da Eletrobras tiveram impacto no resultado da petroleira. De acordo com Bendine, há expectativa de que os recursos devidos pela Eletrobras sejam recuperados ainda neste ano.

Os valores em atraso pela Eletrobras se referem ao fornecimento de óleo pela Petrobras para termoelétricas da região Norte. “De fato, tivemos impacto no resultado da companhia por provisão no setor de energia. Mas não é perda, é provisionamento, passível de recuperação”, finalizou. (Por Danielle Cabral Távora)

apoio_04