Chá de sumiço – Sangrando politicamente desde o primeiro dia do novo mandato, a reeleita Dilma Rousseff decidiu não aparecer no programa político do PT, veiculado na noite de terça-feira (5) em rede nacional. Durante a exibição do programa partidário, “panelaços” e “buzinaços” ocorreram em cidades de pelo menos estados da federação, situação que mostrou ter sido acertada a decisão da presidente, ao mesmo tempo em que evidenciou que Lula não mais goza da confiança da população.
No contraponto, a não participação de Dilma ao lado da “companheirada” reforça a tese, há muito defendida pelo UCHO.INFO, de que o governo do PT está sendo corroído diuturnamente por uma crise político-institucional grave e sem perspectiva de acabar no curto prazo. Evitar aparecer em publicou tornou-se rotina na agenda de Dilma, que agora tem fugido dos pronunciamentos oficiais. A presidente não dirigiu a palavra aos trabalhadores no dia 1º de Maio, situação que será repetida no Dia das Mães. No dia dedicado às genitoras, Dilma mais uma vez usará as redes sociais para se comunicar com as mães do Brasil.
Esse comportamento surreal deixa evidente que a presidente da República não mais conta com a confiança da população, situação que no modelo clássico de impeachment já teria permitido a saída de Dilma do Palácio do Planalto.
A situação apresenta-se muito mais gravosa quando analisada a ausência de Dilma em eventos que costumeiramente sempre contaram com a participação do chefe do Executivo federal. É o caso da Agrishow, feira agropecuária realizada em Ribeirão Preto (SP), e da Expozebu, em Uberaba (MG). A Expointer, tradicional feira agropecuária que acontece anualmente em Esteio, no Rio Grande do Sul, corre o risco de não ter a participação de Dilma.
Dilma está a enfrentar a herança maldita do seu primeiro mandato, cuja peçonha se faz presente na grave e persistente crise econômica que chacoalha o Brasil em todos os quadrantes.
No momento em que integrantes do governo evitam participar de eventos públicos, a situação política é muito mais insustentável do que se pode imaginar. Vice-presidente da República e articulador político do governo, o peemedebista Michel Temer sentiu de perto a insatisfação popular durante a Agrishow, em Ribeirão Preto. Alvo de vaias, “buzinaço” e “panelaço”, Temer não conseguiu discursar durante o evento.
Comportamento idêntico tem adotado a ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB-TO), que em passado não tão distante foi uma ácida e contundente crítica dos malabarismos petistas. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, entidade máxima do setor em um país em que o agronegócio tem peso considerável na balança comercial e no PIB, Kátia Abreu pode estar amedrontada diante do desgaste crescente do governo.
Voltando a questão do impeachment clássico, que não é acolhido pela legislação brasileira, a falta de confiança da população na presidente seria motivo suficiente para um pedido de impedimento. O melhor e mais próximo exemplo desse cenário de desconfiança popular está no Paraguai, onde o Parlamento local apeou o então presidente Fernando Lugo do cargo em questão de horas.
Preocupada com a possibilidade de ser alvo do mesmo movimento, Dilma tentou, sem sucesso, ingerir nos assuntos internos do vizinho Paraguai. Em outras palavras, Dilma não resiste à pressão dos brasileiros descontentes, que devem continuar emparedando o governo incompetente e bandoleiro que aí está.