Trem-pagador – O casal Gleisi Helena Hoffmann e Paulo Bernardo da Silva vive momentos de máxima tensão. A CPI da Petrobras aprovou na quinta-feira (15) a convocação de Rafael Ângulo Lopez, encarregado de distribuir dinheiro a políticos em nome do doleiro Alberto Youssef. Lopez firmou acordo de delação premiada com a Justiça e admite ter entregado dinheiro de propina ao ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e a diversos políticos. Entre eles, segundo se sabe, a senadora Gleisi Hoffmann (PT).
O R$ 1 milhão que teria aterrissado na conta de campanha de Gleisi foi solicitado, em 2010, por Paulo Bernardo (marido da senadora e à época ministro do Planejamento de Lula) a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e providenciado pelo doleiro da Lava-Jato. O dinheiro foi entregue a Gleisi em quatro parcelas em um shopping popular de Curitiba. Uma das parcelas foi paga em 15 de julho de 2010, quando a Polícia Federal conseguiu estabelecer que o homem da mala de Youssef, Rafael Ângulo Lopez, passou por Curitiba.
Lopez tinha como função fazer entregas de valores em dinheiro a clientes “Vips” do esquema de corrupção na Petrobrás, além de abastecer contas no exterior. Ele poderá confirmar quem são os principais recebedores do dinheiro desviado da Petrobrás de obras superfaturadas e apontar em quais contas foram feitos depósitos de propina. Lopez controlava o cofre de Youssef quando o doleiro não estava em São Paulo.
De acordo com pessoas que conviveram com Youssef, uma conta no exterior teria sido aberta em nome de Lopez, por onde passou dinheiro do esquema distribuído fora do País. Em depoimento à Justiça, a contadora Meire da Silva Poza, que deveria ter sido indiciada, afirmou que era ele “quem cuidava da vida financeira de Alberto Youssef”. Segundo a contadora, era “ele quem fazia saques, pagamentos a terceiros, viagens ao exterior etc. Portanto, teria conhecimento dos ativos mantidos no País e no exterior”.
A delação premiada de Rafael Ângulo Lopez foi homologada pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, relator da Operação Lava-Jato, em 9 de maio. Como revelou a revista Veja em dezembro, Lopez, braço-direito de Youssef, distribuía propina oriunda de desvios em grandes obras. Ele cruzava o País para fazer entregas em Brasília, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Maceió e São Luís.