Desconfortável na equipe econômica, Levy afirma que o corte no Orçamento foi “adequado”

joaquim_levy_11Pedra no sapato – Nesta segunda-feira (25), o ministro da Fazenda, Joaquim Vieira Ferreira Levy, afirmou que o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões anunciado na última sexta foi no valor adequado. O ministro ainda ressaltou que a arrecadação brasileira está baixa em 2015, e que por este motivo, o governo cortou com cautela e equilíbrio. “O corte não coloca em risco o crescimento econômico”, disse Levy.

De acordo com o titular da Fazenda, a arrecadação não tem atendido às necessidades do governo mesmo com as receitas extraordinárias como o Refis. Ele lembrou que o governo federal não tem controle sobre os gastos obrigatórios, que têm seu próprio ritmo.

Levy não compareceu ao evento de anúncio do corte do Orçamento na última sexta-feira (22), causando desconforto no mercado financeiro. Acredita-se que com a ausência, justificada com suposta gripe, o ministro fez uma demonstração pública de que está insatisfeito com a proposta de ajuste fiscal.

Na verdade, Joaquim Levy está desconfortável dentro da equipe econômica do governo, possivelmente porque a presidente Dilma Rousseff continua interferindo em assuntos relacionados ao tema, sem a devida competência. Quando o UCHO.INFO afirmou, ainda nos primeiros dias do segundo governo de Dilma Rousseff, que Levy poderia ser chamado de “O Breve”, muitos acreditaram ser precipitação de nossa parte.

O ministro da Fazenda afirmou que o aumento de impostos não é a única solução para o país. “Temos que ir com calma no imposto”, alertou Levy. Ao ser indagado sobre um aumento do Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro (IOF), o ministro respondeu que “não tem calculado nada sobre o IOF”. Levy também afirmou que não se pode aumentar imposto como se esse tipo de medida fosse salvar a economia brasileira. “Temos coisas mais profundas que não se resolvem com medidas fáceis.”

Sobre o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, Levy assegurou que o PIB do país não está devagar por causa do ajuste, e, sim, o ajuste acontece em decorrência de um PIB devagar. O ministro ainda criticou o modelo de financiamento baseado em recursos públicos, que segundo ele, já se esgotaram. “Esses recursos (públicos) acabaram”, revelou.

Joaquim Levy ressaltou a importância de um ajuste estrutural na economia brasileira para que ela mantenha a competitividade e produção. O ministro ressaltou que, mesmo com a ajuda dos cofres públicos à indústria, ela não apresentou bons resultados. “Temos que fazer a economia ter vitalidade não só colocando dinheiro público”. O integrante da equipe econômica relembrou que o PIB do 4º trimestre pode ser revisto, mas afirmou que se o ajuste fiscal for concluído, a economia voltará a crescer. “A gente consegue botar a economia crescendo outra vez que é o que a gente quer”, disse.

Por fim, Levy reconheceu o temor de investidores com a economia do Brasil no início de 2015. “Muitos agentes se retraíram, tinham preocupação com ‘downgrade’, Petrobrás e a questão energética”, ressaltou. Porém, boa parte desses receios desapareceu, de acordo com o ministro. Porém, o titular da Fazenda afirma que isso não significa que os problemas desapareceram totalmente. Segundo ele, apenas uma parte do plano da equipe econômica foi completado até agora e, portanto, passou a surtir efeito. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

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