Perdendo o sono – Um novo pesadelo assombra as noites – os dias também – da senadora petista Gleisi Helena Hoffmann (PR). O terror vem da planilha de políticos que receberam propinas do esquema investigado pela Operação Lava-Jato. O material será entregue na próxima semana ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pelo investigado Ricardo Pessôa, dono da construtora UTC e chefe do cartel de empreiteiras do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história global.
Até as carpas e tilápias do espelho d’água do Congresso Nacional sabem que é grande a possibilidade de o nome de Gleisi constar, com merecido destaque, da chamada “lista negra” de Ricardo Pessôa. Para começar, a senadora já foi acusada pelos dois principais delatores da Lava-Jato, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. As ligações de Gleisi com a UTC são notórias.
Gleisi Hoffmann já está sendo investigada pela Policia Federal e responde inquérito no STF por caixa dois na campanha de 2010 e por receber propinas disfarçadas de doações nas campanhas de 2006, 2008, 2010 e 2014. Com os elementos que serão fornecidos por Ricardo Pessôa, que também aderiu à delação premiada, o processo que pode levar a cassação do mandato de Gleisi deverá entrar em um caminho sem volta.
De acordo com informações de bastidores, o material nas mãos de Pessôa, que será repassado a Janot, é devastador. Além da planilha com os valores das propinas pagas a políticos pelo cartel do Petrolão, o temido arquivo contém imagens dos deputados, senadores e ministros que compareciam ao escritório do dono da UTC para pegar pessoalmente o dinheiro. Há duas semanas, Pessôa ficou irritado quando seus advogados não conseguiram abrir a planilha no computador para mostrar aos procuradores.
Embora sejam assustadoras para dezenas de políticos, as revelações de Pessôa preocupam particularmente Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva. O empreiteiro é o principal doador das campanhas da petista e convocou o marido de Gleisi para ser testemunha de defesa nos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.
A UTC financia Gleisi desde sua primeira campanha em 2006, à prefeitura de Curitiba. A empreiteira já repassou R$ 1,5 milhão à petista: R$ 100 mil (2006), R$ 250 mil (2008), R$ 250 mil (2010) e R$ 900 mil (2014). Pessoa também convocado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, a prestar depoimento no processo a que Gleisi responde no STF.