Fim de linha – Presidente da República, Dilma Rousseff, que continua na vala do descrédito, tem dado mostras que não é adepta apenas das “pedaladas fiscais”, mas também das pedaladas de bicicleta. Vivendo uma grave crise político-institucional, além da crise econômica que chacoalha o País em todos os seus quadrantes, Dilma decidiu, no último sábado (30), sair com sua bicicleta nas vias próximas ao Palácio da Alvorada, cena que se repetiu nesta segunda-feira (1).
O percurso exigiu aproximadamente meia hora de pedaladas “não fiscais” da presidente e o assunto foi comemorado pelos assessores palacianos mais próximos. Os estafetas oficiais entendem que a decisão pessoal de Dilma passa à opinião pública uma imagem mais “humana” da petista.
Sob dieta, Dilma perdeu quinze quilos e está mais ágil, não sendo necessário restringir seus exercícios físicos a caminhadas no entorno da residência oficial da Presidência. A grande questão é que quando um chefe de governo precisa de uma bicicleta para virar notícia e conquistar a simpatia da população é porque a situação do país é muito mais grave do que se imagina. Sempre lembrando que Fernando Collor de Mello fez o mesmo – ele praticava corrida junto com seguranças e assessores – e acabou despejado do Palácio do Planalto.
Desde março do ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Lava-Jato, Dilma Rousseff tem sido alvo de notícias negativas, a começar pelas que se desprendem do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade. Imaginar que algumas pedaladas em público são suficientes para tirar a presidente da artilharia noticiosa significa que o governo nada faz de positivo para reverter o quadro midiático.
Há quem garanta que exercícios físicos são excelentes para a saúde, como um todo, pois, entre tantos benefícios liberam doses de serotonina, hormônio responsável por deixar o cérebro mais vigilante. Sendo assim, as pedaladas de Dilma Rousseff poderiam servir para a presidente refletir sobre a miséria em que se transformou o salário mínimo desde o retorno voraz e implacável da inflação.
A sugestão aqui apresentada pode parecer esdrúxula a olhos primeiros, mas o fato é que a bicicleta usada por Dilma, fabricada nos Estados Unidos e da marca Specialized, custa a bagatela de R$ 2.349,00, ou seja, o equivalente a três salários mínimos. Isso significa que, no país de todos, para comprar uma bike idêntica à da presidente da República o reles trabalhador precisa esquecer o salário e a fome durante no mínimo noventa dias. Se ao final desse período estiver vivo, o trabalhador que ganha R$ 788 poderá sair pedalando por Brasília na esperança de encontrar pelo caminho a presidente que se reelegeu na esteira de um escandaloso estelionato eleitoral.