Ministros intervêm para evitar novos bate-bocas entre petistas e Eduardo Cunha, irritado com o PT

eduardo_cunha_18Temperatura alta – Após gritos de “fora Cunha” no congresso do Partido dos Trabalhadores, semana passada em Salvador, o governo decidiu intervir para contornar a nova crise entre PT e PMDB. O Palácio do Planalto tem a difícil tarefa de evitar que prospere bate-boca com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Inclusive, Jaques Wagner, ministro da Defesa, chegou a telefonar para dirigentes petistas pedindo que eles evitem troca de ofensas.

Cunha chegou a afirmar que “dificilmente o PMDB repetirá a aliança com o PT” em 2018 porque “esse modelo está esgotado”, o presidente da Câmara voltou ao ataque contra os petistas neste domingo, 14. Irritado por ter sido hostilizado no 5º Congresso do PT, no sábado, ele usou o Twitter para atacar o Partido dos Trabalhadores.

“Talvez tivesse sido melhor que eles aprovassem no congresso o fim da aliança e não sei se num congresso do PMDB terão a mesma sorte”, alertou, um dia após saber que foi chamado de “oportunista de ocasião” e “sabotador do governo”. “No momento, temos compromisso com o país e a estabilidade, mas isso não quer dizer que vamos nos submeter à humilhação do PT”, ressaltou Cunha.

O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, contemporizou a defesa feita por Cunha de rompimento da aliança: “O governo não vai criar crise onde não existe”, afirmou. “2018 ainda está muito longe.” Guimarães ainda afirmou se dar muito bem com o vice-presidente Michel Temer, que comanda o PMDB e é articulador político do Planalto. “Não tem fuxico entre nós dois. Não tem estresse”, garantiu o líder.

É importante ressaltar que as relações entre PT e PMDB estão cada vez mais tensas. Nos últimos dias, o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que era “imprescindível” a Secretaria de Relações Institucionais ser ocupada, como forma de dar agilidade às negociações com o Congresso Nacional, o que contrariou Temer, articulador político do governo que incorporou as funções da pasta.

Somado a isso, furioso, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva telefonou para Michel Temer cobrando explicações pelo fato de a bancada peemedebista ter aprovado a convocação de Paulo Okamotto, que comanda o Instituto Lula, na CPI da Petrobras.

“Toda relação longeva precisa de ajustes”, amenizou o deputado Sibá Machado (AC), líder do PT na Câmara. “O PMDB também é governo e temos de tratar as alianças de 2018 em 2018”, finalizou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).

No último sábado (13), último dia do congresso petista, dirigentes rejeitaram proposta apresentada pela corrente trotskista “O Trabalho” que pregava o rompimento da aliança com o PMDB. Em meio a gritos de “Fora Cunha”, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP) classificou, então, o presidente da Câmara dos Deputados como “oportunista de ocasião” e foi aplaudido pelos colegas. (Danielle Cabral Távora)

apoio_04