Virou baderna – No momento em que o País, mergulhado em uma crise múltipla e preocupante, precisa do empenho dos políticos para aprovar matérias que beneficiem a nação e o povo brasileiro, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tomou uma decisão no mínimo estranha, para não afirmar que é irresponsável. Nesta segunda-feira (22), Cunha decidiu liberar os parlamentares do Nordeste por conta das tradicionais festas juninas.
Para dar um ar de suposta seriedade à incompreensível decisão, Eduardo Cunha cobrou dos deputados federais presença na próxima quarta-feira (24), quando o presidente da Casa pretende retomar a votação do projeto que trata das desonerações fiscais, matéria importante para tentar impulsionar a combalida economia nacional.
No vácuo da decisão de Cunha, algumas lideranças partidárias comunicaram aos parlamentares que a ausência na quarta-feira poderá ser abonada com a apresentação de justificativa. Ou seja, é enorme a chance de os ausentes apresentarem justificativas esdrúxulas para abonar as respectivas faltas, que tecnicamente significa desconto no salário.
O Brasil vem acompanhando a cortina de fumaça que emerge da discussão sobre a reforma política, algo que tem todos os ingredientes para ser um anestésico para consciência popular, mas é preciso reformar a forma de fazer política, assunto que o País precisa com extrema urgência.
Beira o delírio imaginar que uma nação, complexa como a terra de Macunaíma, que vem sendo corroída por crise econômica grave, a ponto de tirar o sono dos brasileiros, é refém de um Parlamento que para suas atividades por causa de festas juninas.
Apenas para lembrar, cada deputado federal custa ao contribuinte brasileiro R$ 4,5 mil por dia. Considerando que os eventuais faltosos emendarão a semana no vácuo do forró junino, cada deputado arrancará da sociedade a bagatela de R$ 31,5 mil. Ou seja, as quadrilhas nordestinas são mais supremas que as do Planalto Central.