Conversa fiada – Quando Roseana Sarney (PMDB) renunciou ao mandato de governadora do Maranhão, alegando motivos pessoais ligados à saúde e à família, quem conhece a política maranhense sabia que tudo não passava de mais um blefe da filha do caudilho José Sarney, que meses antes também disse estar se retirando da vida pública.
Diferentemente dos motivos alegados para justificar sua fuga para os Estados Unidos, o que se deu no rastro da Operação Lava-Jato, Roseana voltou à cena política do estado e, há dias, anunciou sua candidatura à prefeitura da capital São Luís.
Filiada ao PMDB, Roseana busca manter-se em destaque como forma de, em 2018, candidatar-se a uma vaga no Senado Federal, o que em tese pode embaralhar eventual processo decorrente da Lava-Jato, uma vez que as autoridades investigam a ex-governadora por ter recebido dinheiro da UTC-Constran, que aceitou pagar propina para liberar precatórios.
Considerando que José Sarney está com idade avançada para nova empreitada eleitoral, coube a Roseana ir para o sacrifício e salvar o poderio político do clã que há cinco décadas governa com mão de ferro um dos mais pobres estados da federação.
No caso de a candidatura de Roseana Sarney se confirmar, a disputa pela capital maranhense deve se acirrar, atrapalhando o projeto de reeleição do atual prefeito, Edivaldo Holanda Júnior (PTC). Mal avaliado pela opinião pública local, Holanda terá outros concorrentes na disputa, mas Roseana certamente é o seu maior desafio.
A possibilidade de Roseana Sarney ser condenada no âmbito da Operação Lava-Jato, principalmente porque desde que renunciou ao governo estadual deixou de gozar da chamada prerrogativa de foro.
Para que os eleitores ludovicenses saibam, Roseana Sarney deixou o governo do Maranhão com o caixa quase zerado e uma dívida, de curto prazo, de R$ 641 milhões, além de pelo menos R$ 5 bilhões de reais em empréstimos contraídos durante sua última passagem pelo Palácio dos Leões, sede do Executivo maranhense.