Boca grande – A situação do ex-deputado federal André Vargas Ilário, preso pela Polícia Federal na décima primeira fase da Operação Lava-Jato, pode se complicar ainda mais. Na terça-feira (23), o Ministério Público Federal (MPF) denunciou Vargas, a esposa, Eidilaine Soares, e o irmão Leon Vargas à Justiça Federal por lavagem de dinheiro.
De acordo com a denúncia, André Vargas, a esposa e o irmão compraram um apartamento em Londrina, no norte do Paraná, por cerca de R$ 500 mil. De acordo com os procuradores, a operação tem claros indícios de lavagem de dinheiro, já que o valor real do imóvel seria R$ 980 mil. Conforme as investigações, a família de Vargas comprou o imóvel pagando cerca de R$ 320 mil à vista, além de um financiamento para completar o restante do valor pago ao dono do imóvel.
Nesta quarta-feira (24), o doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, depôs à Justiça Federal na condição de testemunha de acusação e afirmou ter repassado dinheiro em espécie a Vargas.
O processo em que Youssef depôs como testemunha refere-se ao esquema criminoso que envolve André Vargas e os irmãos do ex-petista, Leon Vargas e Milton Vargas, além do publicitário Ricardo Hoffman. Segundo a PF, Hoffmann é acusado de dirigir uma agência de propaganda contratada pela Caixa Econômica Federal e pelo Ministério da Saúde, no rastro de uma operação de fraude a licitações. Ricardo Hoffmann está preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Conforma apurou a PF, a agência subcontratava empresas de materiais publicitários, as quais que eram de fachadas e tinham como sócios André Vargas e Leon Vargas.
Conexão Curitiba-Londrina-Brasília
A situação de André Vargas pode piorar porque o escândalo da IT7, empresa de informática e tecnologia da informação, ainda está sendo desvendado pelas autoridades. Um dos sócios de Vargas na IT7 está foragido, possivelmente em Londres, e prometeu que retornará ao Brasil somente para se entregar à polícia.
Disse o empresário fujão não querer enfrentar o constrangimento de ser preso na própria casa, mas garantiu que na sequência optará pela delação premiada. Isso significa que André Vargas pode passar muito mais tempo atrás das grades do que imagina.
Por outro lado, um conhecido empresário de Brasília, que sempre operou com André Vargas nos subterrâneos do poder, está amedrontado e dificilmente sai a pé nas ruas da região onde mora. O tal empresário, conhecido por Alceu, teria comprado um apartamento luxuoso na capital dos brasileiros com dinheiro de propina pago por uma das gigantes globais da informática.
O valor da propina, segundo apurou o UCHO.INFO, foi de R$ 4,2 milhões, pagos em três parcelas iguais. Esse dinheiro teria sido usado por Alceu e Vargas para a compra de imóveis em Brasília e Londrina, sendo que os pagamentos oficiais ficaram aquém do valor real dos respectivos negócios.