De joelhos – Em visita à Venezuela nesta quinta-feira (25), um grupo de senadores brasileiros, adeptos do bolivarianismo e simpatizantes da ditadura ancorada pelo tiranete Nicolás Maduro, reuniu-se com representantes do Comitê das Vítimas de Guarimba, do qual participam familiares de vítimas de violência durante protestos contra o presidente Maduro no ano passado. Entre os mortos está o Ramzor Bracho, então capitão da Guarda Nacional, atingido por um tiro nas costas por disparo supostamente feito por opositores.
Pouco depois, os parlamentares reuniram-se com esposas de líderes opositores presos, como Leopoldo López e Antonio Ledezma. O grupo, no entanto, descartou uma ida ao presídio. Estão agendados ainda encontros com representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e com o presidente do Legislativo, Diosdado Cabello, na Assembleia Nacional.
A comitiva brasileira é formada pelos senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Telmário Mota (PDT-RR), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Roberto Requião (PMDB-PR). Os parlamentares viajaram em um jato da Força Aérea Brasileira.
Ao desembarcarem em Caracas, na noite de quarta-feira (horário local), os senadores afirmaram que o objetivo da visita era ouvir “todos os lados” e mostrar que o Senado brasileiro não quer interferir na disputa política interna do país vizinho.
“Não cabe a nós, senadores, acirrar qualquer disputa interna”, declarou Grazziotin. Lindbergh Farias disse que os parlamentares não pretendem interferir nas eleições venezuelanas. “Não viemos para dar apoio político, mas para informar o Senado da situação. Vamos conversar com todas as tendências”.
Esta é a segunda missão de senadores brasileiros na Venezuela em uma semana. Na primeira, ocorrida na quinta-feira da última semana, a delegação composta por algumas das principais vozes de oposição à presidente Dilma Rousseff – como Aécio Neves (PSDB-MG), Aloysio Nunes Ferreira Filho (PSDB-SP), José Agripino Maia (DEM-RN) e Ronaldo Caiado (DEM-GO) – decidiu voltar ao Brasil pouco depois de desembarcar em Caracas após ser hostilizada por manifestantes favoráveis a Maduro. Os parlamentares pretendiam visitar líderes da oposição venezuelana que se encontram presos.
O governo de Maduro, porém, declarou que o “único propósito” da delegação anterior era “desestabilizar a democracia venezuelana e gerar confusão e conflito entre países irmãos”.
O discurso encomendado de que o Senado brasileiro não quer interferir nas questões políticas de outro país é balela, pois Dilma Rousseff, que articulou a ida dos senadores obedientes a Caracas, já tentou ingerir em assuntos internos do Paraguai, por ocasião do impeachment.
No tocante ao encontro com familiares de vítimas dos protestos contra o ditador venezuelano, esse capítulo da missão é mais uma armação de Nicolás Maduro, que para falar com os parlamentares brasileiros colocou integrantes da tropa de choque orientada pelo governo local e treinada por agentes cubanos. (Com agências internacionais)