Lava-Jato: Dilma demonstra preocupação e tenta desqualificar delação premiada do dono da UTC

dilma_rousseff_523Sinal de desespero – Depois de convocar, no último sábado (28), uma reunião de emergência antes de embarcar para os Estados Unidos, ocasião em que discutiu com assessores e ministros mais próximos os efeitos devastadores da delação de Ricardo Pessoa, dono da UTC, a presidente Dilma Vana Rousseff adere à tese de que “a melhor defesa é o ataque” e tenta desqualificar o delator, que colocou o governo petista e boa parte da cúpula do partido no olho do furacão em que se transformou a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

Nesta segunda-feira (29), após discorrer, a investidores norte-americanos, sobre as oportunidades de investimentos em infraestrutura no Brasil, Dilma foi obrigada a responder às perguntas de jornalistas que acompanham a comitiva verde-loura e negou qualquer irregularidade nas doações da UTC à sua campanha. A presidente disse que a doação (R$ 7,5 milhões) foi repassada de forma legal e que as contas da campanha foram aprovadas pela Justiça Eleitoral, o que não significa que a propina não tenha sido camuflada para ganhar aparência de legalidade.

Seguindo a estratégia de esvaziar as afirmações de Ricardo Pessoa, a petista recorreu ao seu passado guerrilheiro e disse não respeitar delatores. “Eu não respeito um delator, até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é. Tentaram me transformar em delatora, a ditadura fazia isso com as pessoas. Eu garanto para vocês: eu resisti bravamente e até em alguns momentos fui mal interpretada quando disse que, em tortura, a gente tem de resistir porque, senão, você entrega. Não respeito nenhum, nenhuma fala”, disse Dilma.

Dilma pode dizer o que quiser, até porque o Brasil ainda é uma democracia, que contempla de maneira inconteste a livre manifestação do pensamento, mas mitomania é caso de uma longa temporada no divã do analista. A presidente finge desconhecer o fato de que a liberdade condicional concedida pela Justiça ao empresário Ricardo Pessoa depende da veracidade das informações repassadas no vácuo da delação premiada. Por outro lado, imagens do circuito de segurança da sede da UTC confirmam as muitas visitas do “companheiro” João Vaccari Neto ao empreiteiro.

No tocante ao desrespeito que Dilma nutre pelos delatores, de modo geral, não é um comportamento unânime dentro do Partido dos Trabalhadores. Até porque, muitos petistas aterrissavam nas redações, durante os tempos de oposição, para denúncias sem provas, na maioria das vezes baseadas em documentos de conteúdo duvidoso e procedência suspeita.

Em relação à doação propriamente dita, Dilma não perdeu a oportunidade de arrastar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) para o cerne do imbróglio. “A minha campanha recebeu dinheiro legal, registrado, de R$ 7,5 milhões [da UTC]. Na mesma época que eu recebi os recursos, pelo menos uma das vezes, o candidato que concorreu comigo recebeu também, com uma diferença muito pequena de valores. Eu estou falando do Aécio Neves – até porque só teve um candidato que concorreu comigo, estou falando do segundo turno.

A diferença está no fato de que, pelo divulgado até agora, Aécio não tinha a seu dispor qualquer obra contratada pelo tucanato para usar como ferramenta para obrigar Ricardo Pessoa a contribuir com sua campanha. O discurso de Dilma é um dos apêndices de uma operação abafa orquestrada por Lula e seus pulhas, cujo objetivo é evitar o desmoronamento do PT e o fim precoce de um governo incompetente, perdulário, paralisado e corrupto, como jamais se viu no País.

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