‘Esquerda-lagosta’: Requião usou cartão corporativo em restaurantes caros de SC, RJ e do exterior

roberto_requiao_35Vida de marajá – O esquerdismo do senador Roberto Requião (PMDB-PR), sua opção pela Carta de Puebla e suas críticas ao capitalismo não implicam em renúncia às boas coisas da vida de um perfeito nababo. Especialmente quando tais mordomias são custeadas pelo suado dinheiro do contribuinte.

Na denúncia acatada na última semana pelo Ministério Público contra o senador Roberto Requião (PMDB) pelo uso abusivo de cartões corporativos, o ex-deputado José Domingos Scarpelini (PSB) anexou 396 notas fiscais que mostram as irregularidades praticadas pelo peemedebista no exercício do governo do Paraná, entre 2003 e 2010.

“Mesmo utilizando a residência oficial do Canguiri, Requião pagava contas em restaurantes de Curitiba e de outras cidades em Santa Catarina e Rio de Janeiro. Isso acontecia principalmente nos sábados, domingos e feriados sem agenda oficial de governo, o que comprovas as irregularidades”, disse Scarpelini.

Chama a atenção o gosto do senador por pratos refinados e caros, em especial os preparados com lagosta. Tal iguaria é tão recorrente em seu cardápio bancado com dinheiro público, que o senador é considerado, no Paraná, como o maior expoente da ‘esquerda-lagosta’, uma variante crustácea da ‘esquerda-caviar’.

Há no currículo gastronômico de Requião ao menos vinte situações com esses desvarios. Um exemplo de mau uso do cartão aconteceu no dia 12 de novembro de 2006, um domingo. O cartão foi utilizado para pagar uma conta de R$ 150,70 na Casa da Lagosta, em Camboriú. O ex-governador tem um apartamento na cidade. Scarpelini não soube precisar o volume gasto através de cartões nessas ocasiões, mas estima passar dos R$ 100 mil em valores não atualizados.

Requião também utilizou o cartão para pagar a conta de cinco pessoas no restaurante Martinhos, em Itapema (SC). A conta foi de R$ 309,93. Detalhe: o banquete aconteceu no dia 8 de março de 2009, um domingo. Lembrano que o então governador não tinha, naqueles dias (sábado, domingo e segunda-feira) compromissos na região. “Até mesmo no retorno de um final de semana no litoral catarinense, Requião não perdoava. Há uma nota de R$ 75,12 para três almoços no famoso Restaurante Rudnick na BR-101, na região de Joinville. Tudo isso no dia 22 de novembro de 2003, um pleno sábado”, adianta o ex-deputado.

Além das cidades de Santa Catarina, outro caso ocorreu no dia 27 de fevereiro de 2007. O cartão corporativo foi utilizado para pagar conta de R$ 390 na Churrascaria Porcão, no Rio de Janeiro. “O evento em que Requião esteve presente foi uma reunião para indicar Nelson Jobim como o nome do grupo para a presidência do PMDB. Ou seja, um evento partidário”, destaca Scarpellini.

O mesmo acontecia em restaurantes de Curitiba e até no exterior. “Requião também realizou 35 viagens internacionais para 18 países diferentes, que consumiram R$ 227.428,10. O país mais visitado foi a Argentina”.

Banquetes e rega-bofes

Outra estratégia usada por Requião, segundo a denúncia de Scarpellini, era pedir nota fiscal direcionada para a chefia do poder Executivo, ou seja, o próprio Requião. “Muitos banquetes para centenas de pessoas foram pagos com dinheiro público. Pior: em muitos casos os locais onde eram retiradas as notas não comportavam o número de pessoas que nelas constam”.

Um caso que levanta suspeita são as sete notas fiscais do Restaurante Palácio. O endereço que consta na nota é o mesmo do Palácio Iguaçu, sede do governo do Paraná. O restaurante era da Associação dos Funcionários do Palácio Iguaçu. Nas notas constam valores assustadores R$ 3.295, R$ 4.035, R$ 4.425, R$ 4.195, R$ 1.870, R$ 985 e R$ 4.110. Outro dado alarmante é a quantidade de refeições: as sete notas referem-se a 4.619 refeições. “A maior nota mostra que 885 pessoas tiveram a refeição paga com dinheiro público. O restaurante da Assepi, que não funciona mais, cabia no máximo 30 pessoas”.

Outro caso suspeito são as notas do restaurante La Casa Di Frango, em Curitiba. Em um local que cabe no máximo 160 pessoas, três notas fiscais mostram que o estabelecimento atendeu, de forma simultânea, 408, 453 e 314 pessoas, respectivamente. Os valores das notas são de R$ 2.856, R$ 3.171, R$ 2.198. No dia 4 de agosto de 2008, o cartão pagou a conta de 16 pessoas na Churrascaria Devon’s. A conta foi de R$ 590,59. No dia 17 de março de 2009, outra conta de R$ 998,61 no restaurante Devon’s. Ao todo foram 27 pessoas atendidas.

“São provas materiais, as notas fiscais, provam que Requião usava o dinheiro público ao bel prazer, em qualquer evento particular, de familiares e amigas. A prova material é a rainha das provas”, enfatizou Scarpelini.

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