Desespero: Lula procura FHC para tentar conter impeachment e crise também estará em pauta

cms-image-000384035Amigos para sempre – Parece que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esqueceu as constantes críticas que fez ao também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O petista autorizou interlocutores a procurar seu antecessor, e propor uma conversa entre os dois sobre a crise política. O objetivo imediato do movimento é conter as pressões pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Há cerca de duas semanas, amigos de Lula discutiram separadamente com ele e o peessedebista a possibilidade de um encontro dos dois. Os contatos ocorreram às vésperas de FHC viajar para a Europa, de férias.

O petista afirmou a aliados que a conversa poderia ser por telefone e antes de Fernando Henrique viajar. Contudo, FHC preferiu deixar a definição de um eventual encontro para ser discutida depois que ele voltar ao Brasil, em agosto.

Vale ressaltar que esse não foi o primeiro aceno de Lula à oposição. Em maio, ele encontrou o senador José Serra (PSDB-SP) na festa de um amigo comum e disse que gostaria de marcar uma conversa reservada. Lula derrotou Serra na eleição de 2002.

O antecessor de Dilma tem mantido somente os aliados mais próximos informados sobre essas conversas, e só avisou que procuraria Fernando Henrique na véspera de autorizar os contatos.

O objetivo de Lula é buscar um conciliador na oposição para tentar dissipar, pelo menos dentro do PSDB, as forças que trabalham pelo impeachment da presidente.

A crise que envolve a presidente aprofundou-se nas últimas semanas, com o avanço das investigações sobre corrupção na Petrobras, a crise econômica e a rebeldia dos aliados do PT no Congresso.

A assessoria de imprensa do Instituto Lula afirmou nesta quarta-feira, 22, por meio de nota, que o ex-presidente não tem interesse em conversar com Fernando Henrique nem soube de nenhum interesse da parte do antecessor.

Já Fernando Henrique disse: “O presidente Lula tem meus telefones e não precisa de intermediários. Se desejar discutir objetivamente temas como a reforma política, sabe que estou disposto a contribuir democraticamente. Basta haver uma agenda clara e de conhecimento público”.

José Serra não quis confirmar o conteúdo da conversa que teve com Lula em maio, e afirmou apenas que não tem nenhum encontro marcado com ele.

As informações sobre a movimentação de Lula foram confirmadas por integrantes do Instituto Lula e políticos de três partidos. Para a assessoria de Lula, “relatos anônimos” servem apenas para alimentar “especulação”.

A aliados com quem discutiu o assunto, o petista disse preferir uma conversa discreta com FHC. Lula tem procurado evitar que seus movimentos ampliem a radicalização do ambiente político. Ele, que fez recentemente críticas ao modo como Dilma vem lidando com a crise, tem procurado agir como bombeiro e procurou líderes do PMDB, como o senador Renan Calheiros (AL), para conter os ânimos no Congresso.

O ex-presidente debateu com seus auxiliares durante meses a decisão de buscar reaproximação com os tucanos. Os petistas sabem que a radicalização da campanha presidencial de 2014, em que Dilma atacou FHC, tornou mais difícil o diálogo com eles.

No PSDB, há dúvidas sobre a conveniência de uma conversa que tenha como tema a governabilidade de Dilma. Mesmo tucanos considerados moderados, que hoje são contra o impeachment, temem que um diálogo com o PT seja visto como conchavo e arranhe a imagem do partido.

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), que foi derrotado por Dilma na eleição presidencial do ano passado, é visto pelos petistas como um dos principais obstáculos a qualquer tentativa de acerto entre os dois grupos políticos.