Luz vermelha – A grande quantidade de ações judiciais impetradas por empresas do setor elétrico e consumidores deve provocar inadimplência recorde na liquidação que será concluída nesta quinta-feira (6) pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). A CCEE é a empresa que faz o acerto de contas das negociações feitas no setor.
Sem o acordo em negociação com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sobre o risco hidrológico – déficit na geração de energia (chamado no setor de GSF) e que tem provocado prejuízos bilionários para os geradores -, muitas empresas continuam sendo protegidas pela Justiça e não farão o pagamento, que somam R$ 3 bilhões.
Segundo as regras do setor, o valor não pago por alguns agentes tem de ser bancado pelos demais. Calcula-se que a inadimplência possa beirar R$ 1 bilhão. De acordo com representantes de empresas do segmento, uma inadimplência desse tamanho pode travar o mercado, impossibilitando a compra e venda de energia.
Por esse motivo, o governo tem corrido contra o tempo para tentar fechar um acordo com os geradores sobre o GSF. Quem aceitar as condições estabelecidas abre mão imediatamente das liminares conseguidas. A expectativa do governo é concluir as negociações até semana que vem. Porém, os representantes do setor ainda têm dúvidas sobre os detalhes da proposta desenhada pela Aneel.
O acordo está baseado em duas fases. A primeira envolve o período de 2015 e 2016, em que os geradores assumem o risco hidrológico do país. Os prejuízos provocados pelo GSF serão transformados em ativos financeiro dentro do balanço e pagos com o aumento do prazo de concessão. As empresas poderão usar esses ativos como garantias para empréstimos.
A segunda fase refere-se ao período pós-2017, em que o risco hidrológico será repassado para o consumidor – ou seja, por meio de aumento de tarifa. Apesar de algumas incertezas, algumas associações têm tentando convencer as companhias de que é a melhor saída.
Enquanto isso, no mercado financeiro, a demora para se conseguir chegar a um consenso derrubou os papéis das elétricas. Quanto mais o tempo passa, maior é a preocupação do investidor, que tem ações do setor. Um analista relata que se percebe no mercado uma saída de estrangeiros de ações de elétricas no período recente.
No pregão de quarta-feira, as ações da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) caiu 2,78%; Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), 2,95%; Companhia Paranaense de Energia (Copel), 3,01%; Eletrobrás ON, 2,77%; e Energias do Brasil, 1,89%. (Danielle Cabral Távora)