MP recusa delação de primo de Gleisi que operava “pixulecos” na Caixa e no Ministério da Saúde

ricardo_hoffmann_03Lado de fora – O Ministério Público Federal rejeitou o acordo de delação premiada do publicitário Ricardo Hoffmann, primo distante da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em troca de redução de pena quando condenado pela Justiça Federal. Hoffmann tentou negociar o acordo para detalhar como associado ao ex-deputado André Vargas (ex-PT) embolsava propina na Caxia Econômica Federal e Ministério da Saúde a partir de um esquema de desvio de dinheiro dos bônus de volume de propagandas.

A própria agência Borghi/Lowe, onde Hoffmann trabalhava antes de ser preso, também tentou negociar com os investigadores, mas os procuradores da força-tarefa rejeitaram a possibilidade de acordo nos dois casos. Agora, a cartada final de Hoffmann é um habeas corpus no STJ em Brasília. Além da cadeia e da recusa da delação, Ricardo Hoffmann tem passado por diversos dissabores pessoais nos últimos tempos. Entre eles o de ter sido renegado por Gleisi, que não reconhece o parentesco e pelo senador Roberto Requião a quem tinha acesso direto e franco durante o tempo em que o peemedebista comandou o Paraná (2003-2010)

De acordo com a Polícia Federal, a agência de publicidade dirigida por Ricardo Hoffmann era contratada pela Caixa e pelo Ministério da Saúde. Ela fazia subcontratações de fornecedoras de materiais publicitários que eram de fachadas e tinham como sócios André Vargas e seu irmão, Leon Vargas.

“O Ministério da Saúde e a Caixa Econômica contratam uma empresa de publicidade. Ela subcontrata empresas em que o Leon e o André são sócios. Essas empresas não existem fisicamente e recebem um percentual equivalente a 10% do contrato firmado com a empresa principal. Então, nos leva a crer que, provavelmente, seja um percentual a ser desviado para agentes públicos”, explicou o delegado federal Igor Romário de Paula.

Como não havia prestação de serviço, estas contratações eram realizadas apenas, conforme os delegados, para a lavagem de dinheiro. As irregularidades começaram entre 2010 e 2011 e se estenderam até 2014.

A polícia diz que, a princípio, esse caso não tem ligação com o esquema descoberto na Petrobras. De alguma forma, porém, todos os suspeitos têm ligação com o doleiro Alberto Youssef, apontado como o líder do esquema bilionário de corrupção, desvio e lavagem de dinheiro na estatal.

Dentre as provas apresentadas pelo Ministério Público Federal para a prisão de André Vargas, por exemplo, está um pagamento de R$ 2,4 milhões feito por Youssef em dezembro de 2013. Para justificar o recebimento, segundo a investigação, foram emitidas notas fraudulentas pela empresa IT7, que possui contrato com diversos órgãos públicos. Dentre eles a Caixa Econômica Federal, no valor de R$ 50 milhões no ano de 2013.

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