Fazendo figa – O ex-deputado federal André Vargas Ilário (ex-PT) será interrogado na quarta-feira (12) pelo juiz federal Sérgio Fernando Moro na ação que apura crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. Na ocasião também serão interrogados Leon Vargas, irmão do ex-deputado, e o publicitário Ricardo Hoffmann. Os dois estão presos em Curitiba por envolvimento no megaescândalo de corrupção que acabou desmontado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.
O interrogatório de André Vargas e Ricardo Hoffmann provoca nova onda de medo e pânico na senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva. Vargas foi coordenador e arrecadador das campanhas de Gleisi e do marido, ou seja, sabe muito mais do que o outrora “casal 20” gostaria.
Ricardo Hoffmann, primo distante da senadora, que hoje renega o parentesco, era associado a Vargas em um esquema criminoso que rendeu gordos ‘pixulecos’ para a dupla na Caixa Econômica Federal e no Ministério da Saúde.
Os interrogatórios marcam a fase final do processo de Vargas e Hoffmann. Depois de ouvir os acusados, Moro deverá conceder os prazos legais para alegações finais do MPF e das respectivas defesas. Em seguida, caso nenhuma nova diligência seja solicitada e autorizada, Sérgio Moro poderá proferir a sentença. Como a expectativa de Vargas e Hoffmann é a condenação a longas penas de prisão, o temor é que ambos tentem se beneficiar de um acordo de delação premiada, algo que seria desastroso para Gleisi.
O MPF aponta que a agência de publicidade Borghi/Lowe, que controla contas publicitárias da Caixa Econômica Federal e do Ministério da Saúde, solicitava a empresas subcontratadas (E-noise, Luis Portela, Conspiração, Sagaz e Zulu Filmes) serviços de publicidade legais, entretanto, as orientava a realizar pagamentos de comissões devidas (no valor de 10% dos contratos) para contas das empresas Limiar Consultoria e Assessoria em Comunicação, com sede em Curitiba, e LSI Soluções em Serviços Empresarias Ltda., com sede em São Paulo, controladas por André Vargas e seu irmão Leon. De acordo com as investigações, a LSI e a Limiar eram empresas de fachada. Estes valores, segundo os procuradores, chegam a R$ 1,1 milhão.
Apurações da Polícia Federal e da força-tarefa do MPF também indicam que as empresas LSI e Limiar receberam, entre os anos de 2009 e 2014, outros R$ 4.086.084,29 em 200 depósitos de empresas dos mais variados setores. As informações constam de uma planilha apreendida na residência do ex-parlamentar em Londrina e também de informações repassadas pela Receita Federal por meio da declaração do imposto de renda retido na fonte dos respectivos anos.
Do valor total identificado na investigação, R$ 3.170.292,02 teriam sido depositados nas contas da LSI, como identifica a planilha apreendida na cara residência de André Vargas. Os recursos foram repassados entre os anos de 2011 e 2014. Já as informações sobre os depósitos na conta da Limiar, repassadas pela Receita Federal, indicam depósitos de R$ 915.792,27 entre os anos de 2009 e 2012.
Vargas é réu em outra ação penal e responde por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal por meio da compra de um imóvel de luxo em Londrina. Ele segue preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais. Leon Vargas ficou na carceragem da PF por cinco dias e não teve o pedido de prisão prorrogado. Já Ricardo Hoffmann continua preso na PF. O empresário tentou acordo de colaboração premiada com o MPF, mas as negociações até agora não avançaram