Saiba os sinais precoces de demência; tropeçar com frequência e prostração são alguns deles

demencia_02Melhor acompanhar – Um quadro de demência vai muito além da perda de memória. Essa condição complicada é marcada por uma série de sintomas, especialmente no início.

Porém, eles podem ser sutis e nem sempre fáceis de reconhecer. Então, segundo especialistas, é possível saber se a pessoa está mostrando sinais de Alzheimer ou outra forma de demência, quando há qualquer alteração que seja diferente do comportamento habitual.

É importante dar uma atenção especial em alguns dos primeiros sinais de demência e saiba reconhecer o problema precocemente.

Não compreender sarcasmo

“Em um quadro de demência pode haver comprometimento da função da porção dorso-lateral dos lobos frontais, onde se processa a avaliação dos significados emocionais”, ressalta a neurologista Sandra Cristina Mathias, do Hospital Bandeirantes. Assim, a pessoa com esse tipo de dificuldade não consegue compreender o conteúdo implícito de um sarcasmo. Também é comum essas pessoas não conseguirem interpretar um provérbio e outras frases que contenham sentido figurado – as mensagens passam a ser literais, ou seja, sem significado emocional.

Quedas e tropeços frequentes

Esse quadro pode acontecer por três fatores principais: comprometimento das funções que controlam tarefas visuo-espaciais, das funções de controle do equilíbrio e postura ou comprometimento da área cerebral responsável por planejar e executar o movimento. “Em algumas demências esses sintomas já ocorrem nas fases iniciais, em outras, significam um estágio mais avançado”, lembra a neurologista Sandra.

Quando as funções visuo-espaciais são afetadass, a pessoa pode sentir dificuldade de perceber a posição de um objeto com relação a outros ou com ela própria. Sem saber exatamente qual a distância entre ela e o objeto, o risco de tropeçar ou esbarrar aumenta. “Se há comprometimento do equilíbrio e postura, o paciente está mais suscetível a quedas, uma vez que o ato de caminhar e se movimentar se torna mais difícil”, afirma o neurologista André Felício, do Hospital Israelita Albert Einstein.

Comportamento inapropriado

“O comportamento desinibido está relacionado ao comprometimento da função das regiões cerebrais responsáveis pela tomada de decisão baseada na emoção e ponderadas pela flexibilidade e comportamento social”, afirma a neurologista Sandra. Nesses casos, a pessoa pode apresentar um comportamento desinibido e impulsivo, sem considerar o que é socialmente apropriado. “Pode ocorrer a perda do juízo e crítica, gerando desrespeito das leis, atos de impulsividade, irritabilidade, hiperssexualidade, euforia, e até mudança de hábitos alimentares”.

Esquecer a função de objetos

O idoso com demência muitas vezes mostra dificuldade em utilizar objetos comuns e de realizar tarefas motoras em sequências. Por exemplo: a pessoa sabe o que é uma chave e sabe o que é uma fechadura, mas não sabe executar a sequência que liga um objeto a outro. “Ela não consegue ligar as áreas do cérebro responsáveis por seguir os passos, como pegar a chave, colocar na fechadura, girar a chave etc”, diz o neurologista André.

Em outros casos, a pessoa reconhece a chave, mas não se lembra para que ela serve – no caso, abrir fechaduras. Outro exemplo é a incapacidade de fazer gestos que tenham um significado pré-definido, como o sinal de silêncio, acenar para dar oi ou levantar o polegar em sinal positivo.

Incapacidade de reconhecer objetos ou pessoas

O paciente com demência pode ter dificuldade em reconhecer objetos e pessoas através da visão, apesar desta não ter sido comprometida. Dependendo do grau da lesão, a pessoa pode inclusive não reconhecer mais rostos. Muito além de esquecimentos simples, como quando a palavra “foge” da nossa cabeça, um quadro de demência impossibilita a pessoa de reconhecer objetos e situações presentes no cotidiano e pessoas que ela vê com frequência.

Prostração e perda da empatia

“O paciente pode desenvolver déficit de atenção e de interação com o mundo que o cerca”, explica a neurologista Sandra. Um reflexo comum desse déficit é a prostração, ou seja, a pessoa passa minutos ou até horas focada em um mesmo objeto ou no horizonte, ignorando as manifestações externas. O comportamento apático também interfere no relacionamento com as pessoas. “O idoso perde o interesse pelo que ocorre em sua volta, não identifica as emoções de seus familiares e, por conseguinte, não reage a elas”, ressalta Sandra.

Esse desinteresse e falta de empatia causa isolamento social, uma vez que o paciente passa a ignorar os sentimentos de seus familiares e pessoas próximas. “É comum, antes que haja o diagnóstico, que os familiares se sintam magoados com o idoso, imaginando que esse comportamento é falta de sensibilidade ou egoísmo”.

Comportamento ritualístico

Também é uma manifestação inapropriada que se associa ao comprometimento das regiões fronto-orbitárias. Ocorre pela perda do juízo e crítica e pela inflexibilidade e dificuldade de tomada de decisões.

Problemas com o manejo das finanças

O idoso com demência não tem capacidade de gerir suas finanças. Vários fatores estão envolvidos. Dentre eles citamos a dificuldade de tomada de decisões, a inflexibilidade de pensamento, dificuldade de raciocínio lógico e de cálculo e o próprio déficit de memória.

Dificuldade de expressão da linguagem

A dificuldade de expressão da linguagem, seja oral ou escrita, pode ser precoce em alguns tipos de demência e bem mais tardia em outras. É comum o paciente sofrer com a perda da comunicação, que pode ser a fala ou o entendimento de uma mensagem. Segundo o neurologista André, no primeiro caso o paciente pode entender o que você fala, mas é incapaz de se expressar pela linguagem falada, e no segundo ele consegue se expressar de todas as formas, mas não entende o que lhe é dito.

Em alguns cenários, o idoso pode se expressar e compreender a linguagem falada, mas não reconhece as palavras escritas ou tem dificuldades para escrevê-las. No caso de comprometimento no grupo compreensão, é importante que a família fica atenta aos sinais que ela pode apresentar, pois é muito difícil reconhecer essa dificuldade. Geralmente, a pessoa não responderá as perguntas de forma adequada, e falará sobre assuntos que não estão sendo discutidos no momento. (Danielle Cabral Távora)

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