Temer deve deixar a articulação do governo de Dilma Rousseff, que tentou atrair Jucá

michel_temer_24Caminhão de mudança – Na quarta-feira (19), foi aprovada no Senado a proposta que reonera a folha salarial das empresas. Este era o último capítulo do pacote de ajuste fiscal do governo que dependia de apreciação no Congresso Nacional. De tal modo, chegou ao fim o compromisso que o vice-presidente Michel Temer (PMDB) havia firmado com Dilma Rousseff ao assumir a missão de articulador político do governo. Segundo o que foi acordado, Temer está liberado para deixar a função, que tornou-se espinhosa com o avanço célere da crise múltipla que chacoalha o Brasil. Aliás, o próprio Michel Temer disse que sua missão estava encerrada.

O vice-presidente da República teria finalizado sua missão na distribuição de cargos e verbas orçamentárias para parlamentares aliados, muitos dos quais encerraram uma intifada no Senado depois de negociações e escambos indecentes. Com o auxílio do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, Temer redefiniu o mapa dos cargos federais e acertou o pagamento de emendas orçamentárias. As pendências já não dependeriam de articulação, mas de decisões da Casa Civil e do Ministério da Fazenda.

No caso de ser confirmado o afastamento do peemedebista da articulação política do governo, o movimento coincidirá com a vontade de parte do PMDB, que há meses defende sua saída. Isso porque o partido anunciou, não faz muito tempo, que deseja participar da corrida presidencial de 2018 com candidato próprio.

O deputado federal e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) chegou a afirmar: “O Michel vive um momento em que terá de tomar a decisão de exercer a sua função institucional de vice-presidente da República. Ele tem que entender que não cabe ao vice-presidente ficar discutindo nomeação para delegacia do INSS nos Estados. Esse modelo faliu. Ele é o vice-presidente da República. Essa é a função institucional dele. Precisa se colocar cada vez mais como o doutor Ulysses Guimarães, exercendo o papel de guia. Como dizia o doutor Ulysses, tem de guiar o PMDB rumo ao Sol, que é dia, não em direção à Lua, que é noite. Não dá para ele participar de artimanhas”.

A contribuição de Michel Temer como articulador já não parece tão essencial aos olhos da presidente da República. Tanto é assim, que Temer não foi convidado para a reunião em que Dilma avaliou no Palácio da Alvorada, no último domingo (16), os efeitos dos mais recentes protestos de rua. A petista tentou levar para a casa Civil o peemedebista Romero Jucá (PMDB-RR), conhecido por sua capacidade de transitar em todos os flancos da política nacional, mas sua investida fracassou.

Esse fracasso pode estar relacionado ao fato de que Jucá tem projetos políticos mais ambiciosos, como, por exemplo, chegar à presidência do Senado federal. Por outro lado, Dilma se livra da árdua tarefa de defender a indicação de um investigado na Operação Lava-Jato para assumir a mais importante pasta do governo. (Danielle Cabral Távora com Ucho Haddad)

apoio_04