Temer deixa a articulação política do governo e reforça a crise que balança o Planalto

michel_temer_34Arestas políticas – Após uma conversa com a presidente Dilma Rousseff no final da manhã desta segunda-feira, 24, o vice-presidente Michel Temer entregou as atribuições de articulador político do governo federal. Desta forma, o peemedebista deixa de operar o balcão do Palácio do Planalto com a negociação de cargos e emendas parlamentares com a base governista.

O vice-presidente assumiu o compromisso com a petista de continuar ajudando nas relações do governo com os poderes Judiciário e Legislativo. “Temer não vai mais ficar no balcão. Só vai tratar das grandes questões”, afirmou ao Blog do Camarotti um interlocutor de Temer. “Ele só vai ficar na articulação mais elevada”, revelou.

Ainda segundo informações, a solução encontrada foi uma tentativa de diminuir o desgaste político que seria a saída completa de Temer da função de relações institucionais.

Na conversa com Dilma, o peemedebista foi sincero e voltou a falar sobre o episódio que criou desgaste com o governo, quando, em pronunciamento, afirmou que alguém tinha de reunificar o País. Na ocasião, depois de Temer ter sido alvo de críticas de ministros petistas, a presidente fez um gesto para tentar demonstrar que confiava no vice-presidente, dizendo que, da parte dela, “nunca houve nenhuma desconfiança”. Na ocasião, ela também o elogiou.

O ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha, que atualmente auxilia Temer nas tarefas da articulação política, deve deixar gradualmente as funções da Secretaria de Relações a partir do dia 1º de setembro.

Até o momento, Padilha vinha acumulando suas atribuições da Aviação Civil com um expediente diário no Palácio do Planalto para tratar da negociação de cargos e emendas parlamentares, praticamente deixando a cargo de assessores o dia a dia do ministério.

Antes da reunião reservada entre Dilma e Temer, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo, criou uma saia justa no encontro desta segunda-feira da coordenação política do Planalto ao indagar sobre a situação do vice. Conforme Aldo, o assunto era importante e deveria ser abordado e explicado pelos ministros que participaram da reunião. Diante do mal-estar, ficou definido que Dilma conversaria na sequência, de forma reservada, com o peemedebista.

Desde que fez o pronunciamento pedindo a unificação do país, Michel Temer sentiu que havia um ambiente hostil para ele no Palácio do Planalto. Aos poucos, o vice começou a perceber que o assessor especial da Presidência Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete de Dilma, estava criando uma relação direta com parlamentares. Além disso, a Casa Civil e o Ministério da Fazenda dificultavam a liberação de emendas negociadas com os congressistas. (Danielle Cabral Távora)

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