Em crise financeira, construtora WTorre recebe oferta para vender estádio do Palmeiras

arena_palestra_04Pires na mão – O Alllianz Parque, onde joga o Palmeiras, é o estádio brasileiro que mais recebe torcedores atualmente. A arena tem média de mais de 34 mil pagantes por jogo, a maior do Campeonato Brasileiro. Contudo, o sucesso de público ofusca a crise financeira da construtora WTorre, proprietária do estádio em parceria com o clube.

Sem dinheiro no caixa para pagar os fornecedores da arena, a empresa enfrenta pedidos de falência e até proposta de compra do estádio.

Diante do impasse, a AEG – multinacional norte-americana que há um ano gerencia o estádio e cria novas fontes de receita – enviou proposta para assumir a arena em troca de quitar todas as dívidas. Esta oferta decorre da grave situação que colocou em campos opostos o clube, a construtora e a AEG.

Apesar de estar fora das investigações da Operação Lava-Jato, a WTorre não consegue financiamentos, pois os bancos travaram o crédito para a construção civil em geral desde que se descobriu que empreiteiras pagaram propina por contratos da Petrobras.

Desta forma, a WTorre passou a atrasar o pagamento de fornecedores da arena, inclusive a AEG. A dívida total já é de R$ 80 milhões e afetou a rotina do estádio, comprometendo a relação da construtora com os patrocinadores.

A JBL, responsável pelo sistema de som, interrompeu o serviço. Para improvisar, em determinado evento foi preciso usar caixas de som no gramado.

No último mês, a Tejofran, responsável pela limpeza pesada (retirada de entulho), pediu a falência da arena por conta de uma dívida de R$ 500 mil. WTorre e Tejofran chegaram a um acordo, porém a ação pode ser retomada caso haja atraso do pagamento das parcelas.

Na última segunda-feira passada (24), a RCervellini, empresa de pisos e revestimentos, também entrou na Justiça com pedido de falência cobrando R$ 693 mil.

Já com a AEG, a discussão envolve R$ 3 milhões. Até agora, R$ 1 milhão foi pago e a diferença, parcelada. A multinacional também reclama que a construtora compromete seu faturamento porque não entrega o que prometeu. A AEG fica com 8% do valor de cada contrato. A loja do Burger King, por exemplo, demorou demais para ficar pronta (o contrato foi fechado em dezembro de 2012, e a loja só foi inaugurada neste mês). Enquanto isso, a AEG não recebe.

A WTorre negou ter recebido qualquer proposta pelo Allianz Parque e disse que não tem interesse em se desfazer do negócio. “Em menos de um ano de operação, a arena recebeu mais de 1 milhão de pessoas, em shows, jogos de futebol e eventos corporativos, o que só reforça nossa convicção de que o trabalho que vem sendo desenvolvido está no caminho correto”.

“Em que pese um ambiente macroeconômico deteriorado, a escassez de crédito que limita o desenvolvimento e a expansão dos negócios no Brasil, enfatizamos que não temos nenhuma intenção de nos desfazermos de um ativo no qual investimos mais do que R$ 670 milhões”, ressaltou a WTorre em nota à imprensa nesta sexta-feira. A construtora preferiu não comentar as ações de empresas insatisfeitas com a situação.

Vale ressaltar que o Palmeiras também se prepara para fazer um lance. Pelo contrato com a WTorre, o clube só se tornaria o dono único da arena em 2044. Porém, o presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, tenta reunir investidores para fechar uma oferta. Entre eles, está a financeira Crefisa, uma das patrocinadoras do clube.

Tanto a AEG quanto o Palmeiras estão de olho em um negócio promissor. Só neste ano, a arena deve gerar R$ 80 milhões em receitas e dar lucro de cerca de R$ 20 milhões. No plano original, sobraria dinheiro só em 2019.

Com dinheiro, o Palmeiras conseguiu atrair para seu estádio mais torcedores, que agora têm um time que demonstra força. (Danielle Cabral Távora)

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