Atuação teatral – Líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO) afirmou, nesta sexta-feira (4), que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), disse o óbvio ao admitir que Dilma Rousseff não resiste no cargo caso sua popularidade permaneça nos atuais 7%. Na visão do parlamentar, Temer e seu partido – o principal da base de sustentação do governo – não podem fazer apenas jogo de cena, como se não tivessem responsabilidade na administração do País. Até porque, até recentemente os peemedebistas salivavam para falar que eram parte integrante do governo bandoleiro de Dilma.
“Michel Temer disse o óbvio. O que o PMDB vai fazer diante disso? Ocupar cargos no governo, usar a Presidência do Senado para alongar a crise? Não é possível ficar numa posição cômoda, uma hora dizer que é preciso alguém para reunificar e outra falar o que o Brasil já sabe. É igual ao médico não tratar e só dizer ao paciente com dor que se continuar assim ele vai morrer. É preciso fazer algo além de jogo de cena”, opinou Caiado.
Em palestra realizada na quinta-feira (3) para empresários, em São Paulo, Temer afirmou que a presidente não cumprirá o mandato com a popularidade em forte baixa. O vice-presidente afirmou também que não será possível realizar nada neste governo, caso o índice de aprovação não volte a subir.
“Hoje, realmente o índice é muito baixo. Ninguém vai resistir três anos e meio com esse índice baixo. Muitas vezes, se a economia começar a melhorar, se a classe política colaborar, o índice acaba voltando ao patamar razoável”, afirmou o vice-presidente.
“O que nós precisamos não é torcer, é trabalhar para que nós possamos estabilizar essas relações. Se continuar assim, eu vou dizer a você, para continuar 7%, 8% de popularidade, de fato fica difícil passar três anos e meio”, emendou Temer, que nos bastidores já externa euforia por estar vivendo um momento “Itamar Franco”, que substituiu Collor na Presidência da República logo após o impeachment.
Michel Temer é um político experimentado e agora está em guerra declarada contra Dilma, principalmente que passou a ser bombardeado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, o economista frustrado que sempre sonhou em chegar ao Ministério da Fazenda, mas transformou-se no maior entrave do governo petista. Para alimentar o sonho, Mercadante tem adulado publicamente o ministro Nelson Barbosa (Planejamento), ao mesmo tempo em que, nas coxias do poder, joga pesado para desestabilizar o ministro Joaquim Levy (Fazenda), que por sua vez conta com o apoio do PMDB de Michel Temer.
Em suma, nesse cabo de guerra que se formou no Palácio do Planalto quem tem a perder é a petista Dilma Rousseff, mas antes de tudo o maior perdedor é o Brasil, cuja população continua impávida e colossal, dormindo em berço esplêndido.