Crise sem fim: Levy declara que Imposto de Renda pode aumentar para aliviar déficit de 2016

joaquim_levy_16Pensamento bipolar – Literalmente perdido diante de uma crise múltipla e sem precedentes, o governo petista da presidente Dilma Vana Rousseff não sabe mais o que fazer para equacionar as questões econômicas e minimizar o déficit previsto no Orçamento de 2016, que por enquanto está na casa de R$ 30,5 bilhões, mas pode aumentar, dependendo do desempenho da economia nos próximos meses.

Nesta terça-feira (8), em Paris, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, declarou que o aumento do Imposto de Renda é uma possibilidade em estudo dentro do governo, como forma de contribuir para um reequilíbrio das contas, algo que ele classificou como “ponte fiscal sustentável”.

“Pode ser um caminho (aumento de IR), é essa a discussão que a gente está tendo agora e que acho que temos que amadurecer mais rapidamente no Congresso”, disse em entrevista coletiva, após reunião na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Na entrevista, Levy ainda comparou o Brasil aos países do órgão: “Em relação aos países da OCDE, a gente tem menos impostos sobre a renda, sobre a pessoa física do que na maior na parte dos países da OCDE. É uma coisa a se pensar”, ressaltou o ministro, sem lembrar, no entanto, que nesses outros países a que se referiu os impostos convergem em benefícios reais à população, ao contrário do que ocorre no Brasil.

O ministro também afirmou que o governo enviou ao Congresso Nacional um projeto de Orçamento de 2016 com déficit para obter uma “transição mais estável”. “A gente mandou o Orçamento com esse desequilíbrio para permitir essa discussão que é fundamental para garantir uma transição estável, segura para a retomada do crescimento”, disse.

Joaquim Levy voltou a defender o ajuste fiscal como uma de suas prioridades para a retomada do crescimento. “Se você não tem equilíbrio fiscal, daqui a pouco vai ter inflação e qualquer trabalhador, dona de casa, sindicalista sabe que a inflação é a maior inimiga do poder de compra”, afirmou.

Após a apresentação do Orçamento de 2016, que traz previsão de déficit equivalente a 0,5% do Produto Interno Bruto, a presidente Dilma Rousseff solicitou à equipe econômica que persiga a meta de superávit de 0,7% do PIB.

Na última semana, fortes e insistentes boatos sugeriram a saída de Levy, insatisfeito com um isolamento dentro do governo e com o envio ao Parlamento do Orçamento deficitário. Nesta terça, o ministro não confirmou aos jornalistas que ameaçou deixar o cargo, mas o UCHO.INFO tem informações de que sua demissão só não ocorreu por causa da instabilidade no mercado de câmbio e por causa dos apelos emanados a partir da Cidade de Deus, sede do Bradesco.

Em meio à crise sem rumo, o governo já deixou claro que pode criar novos impostos ou aumentar os atuais. Inclusive, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou que o Brasil precisa do aumento provisório de tributos, o que todos nós sabemos, que de provisórios só os discursos do governo petista.

Levy chegou a afirmar no último sábado (5) que o governo cogita um imposto de “travessia”. O governo ainda cogitou a volta da CPMF, o chamado imposto do cheque, extinto em 2007 na maior derrota política do governo do ex-presidente Lula. Porém, com as pressões da oposição e do empresariado, desistiu da medida, apesar de a presidente ter afirmado que não a descartou totalmente.

O discurso do ministro da Fazenda, na bela e romântica Cidade Luz, é marcado pelo desencontro de ideias, pois horas antes ele próprio garantiu, em Madrid, que a crise econômica brasileira era uma questão de poucos meses, algo que o mercado financeiro mostra exatamente o contrário. Acontece que Levy foi abduzido pelo discurso mentiroso e ufanista do Palácio do Planalto, o que explica essas afirmações desencontradas acerca da crise econômica que deixa o País de ponta cabeça e tira o sono de dezenas de milhões de brasileiros. (Danielle Cabral Távora e Ucho Haddad)

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