Lanterna dos afogados – Afundando nos efeitos colaterais de uma crise econômica sem precedentes e com muita dificuldade para emplacar um plano de ajuste fiscal que convença e não traga prejuízo político maior do já existente, o governo petista de Dilma Rousseff está aceitando qualquer proposta para minimizar o caos, o que em tese prolongaria a permanência da petista no poder central.
Na manhã desta quinta-feira (17), durante reunião com a presidente Dilma e ministros de Estado, líderes da esfacelada base aliada foram consultados sobre a possibilidade de legalização do jogo no País. A consulta foi para saber a posição dos parlamentares sobre um tema que divide opiniões.
A ideia, que surgiu de forma repentina nos corredores palacianos, tem por objetivo criar uma nova fonte de receita, em um momento em que o governo busca soluções para o déficit anunciado no Orçamento da União de 2016, proposta que foi enviada ao Congresso Nacional com expectativa de rombo na casa de R$ 30,5 bilhões.
A aprovação da jogatina seria um reforço na arrecadação tributária, destacou o líder do Partido Progressista na Câmara dos Deputados, Eduardo da Fonte (PE). “Hoje, quem quer jogar, joga na internet e os recursos vão para fora do País”, disse Dudu da Fonte, como é conhecido o parlamentar que está no olho do furacão da Operação Lava-Jato.
Outro deputado que participou do encontro no Palácio do Planalto, Maurício Quintella Lessa (AL), líder do Partido da República, destacou que a presidente e os ministros evitaram externar opiniões sobre o tema, que dias antes foi apresentado ao governo por senadores aliados. A ideia inicial era liberar os jogos através da internet. Esse tipo de proposta, a de liberar a jogatina no mundo cibernético, pois quem é amante dos jogos de azar já se diverte no universo virtual, sem precisar se submeter à legislação brasileira, muito menos à Receita Federal.
Os líderes se comprometeram a consultar as respectivas bases e dar um retorno ao governo na próxima segunda-feira (21), o que mostra a aflição do staff palaciano diante de um Estado que não mais cabe no próprio País, considerando que os gastos federais são maiores que as receitas. E o governo só não quebra porque na pior das hipóteses pode recorrer à emissão de dinheiro, já que o truque das pedaladas fiscais caiu por terra.
Caso o jogo seja liberado no Brasil, o crime organizado atuará com muito mais desenvoltura, uma vez que a fiscalização da atividade será pífia, assim como ocorre em vários setores. Não se pode imaginar que o governo mais corrupto da história nacional será capaz de ser rígido com uma atividade que é sabidamente canhestra. De igual modo é impossível esquecer que, em passado não tão distante, o PT se envolveu com escândalos na seara da jogatina, começando com Waldomiro Diniz, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil. Diniz foi flagrado em negócios pouco ortodoxos com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que mais tarde protagonizou novo escândalo que tinha no cardápio um punhado de políticos, inclusive do partido do governo.
Viagem ao passado
Outrossim, é importante destacar o envolvimento de Antonio Palocci Filho com empresários da jogatina. Em 2002, o empresário Roberto Carlos Kurzweill, que à época cedia um carro blindado para Palocci e Delúbio Soares usarem em São Paulo, intermediou uma doação ao PT, no valor de R$ 1 milhão, feita por dois donos de bingo. José Paulo Teixeira Cruz Figueiredo, conhecido no mundo dos jogos de azar como “Vadim”, e José Valente de Oliveira Caio, o “Caio”, foram as almas caridosas que reforçaram o caixa da campanha de Lula naquele ano. Portugueses, Vadim e Caio se apresentaram aos petistas como sendo angolanos.
No final de 2002, entre outubro e novembro de 2002, Palocci teria participado de um encontro no hotel Sofitel, na capital paulista, com os angolanos donos dos bingos, na presença de Waldomiro Diniz. Naquela bisonha reunião, Palocci teria prometido aos empresários (sic) legalizar a atividade dos bingos. Pegou o dinheiro e ficou na promessa.
Pessoa da confiança de Palocci desde os tempos da prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o advogado Rogério Buratti confirmou que o petista sabia da generosa doação dos bingueiros à campanha de Lula. Mas a arrecadação de recursos no mundo da jogatina não parou nos empresários angolanos. De acordo com Buratti, no Rio de Janeiro foi arrecadado outro R$ 1 milhão, missão que esteve sob a responsabilidade de Waldomiro Diniz.
Para quem não se recorda, Kurzweill foi personagem de destaque da denúncia sobre o envio de dólares pelo governo de Cuba à campanha de Lula. O empresário confirmou ter cedido o carro blindado em que foram transportadas, na capital paulista, as três caixas de uísque que, segundo a revista Veja, acomodavam quantia em US$ 1,4 milhão e US$ 3 milhões.
Solução caseira
Se o desejo do governo é de fato arrecadar dinheiro para fechar a conta, que saia cobrando das empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato aquilo que foi saqueado da Petrobras ao longo de uma década. O governo só não o faz porque acabaria por enterrar um partido, o PT, que agoniza na UIT da política nacional. Poderia também o governo exigir que as termelétricas, que devem bilhões de reais ao Estado por conta do fornecimento de óleo combustível pela BR Distribuidora, quitem seus débitos.
Por certo, se isso acontecesse, o Orçamento do próximo ano seria superavitário e sobraria dinheiro em caixa. Como é comprometedor o envolvimento de “companheiros” no maior escândalo de corrupção da história, o melhor é deixar as coisas como estão para ver como ficam. Enquanto isso, o trabalhador brasileiro que trate de aceitar o assalto oficial, mantendo-se calado em relação à lambança patrocinada pela incompetente Dilma e seus “golden boys”. Afinal, como disse certa feita um conhecido e gazeteiro comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.