CPI da Petrobras: oposição defende convocação de Palocci, operador do milagre da multiplicação

palocci_17Caçada implacável – A informação do lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, prestada às autoridades da força-tarefa da Operação Lava-Jato, de que o então tesoureiro Antonio Palocci Filho pediu e recebeu dinheiro de propina do esquema de corrupção que funcionava Petrobras para a campanha presidencial de Dilma Rousseff precisa ser esclarecida pela CPI da Câmara dos Deputados que investiga irregularidades na estatal.

A opinião é da deputada federal Eliziane Gama (PPS-MA), que é membro titular do colegiado e autora de um dos pedidos de convocação de Palocci.

Na esteira de delação premiada, como noticiou a revista Veja em sua mais recente edição, Fernando Baiano contou que o acerto de R$ 2 milhões foi feito em 2010, dentro do comitê eleitoral da petista em Brasília, e que a logística da entrega ficou a cargo do ‘Dr. Charles’, braço direito do ex-ministro da Fazenda.

“Esta é uma evidencia clara de que a corrupção na Petrobras tem relações diretas com forças palacianas. É uma informação grave e séria que precisa ser apurada pelo colegiado. E nos leva a exigir a imediata convocação do ex-ministro Palocci”, disse a parlamentar, nesta segunda-feira (21).

Para a deputada de oposição, este é o momento de a CPI avançar e cumprir o seu papel que é o de investigar, até porque o colegiado até agora só conseguiu torrar o suado dinheiro do contribuinte, sem trazer a lume qualquer novidade que não tivesse sido revelada pela Operação Lava-Jato.

“A cada dia, fica mais evidente que essa quadrilha que agiu na Petrobras teve uma proeminente participação nas campanhas eleitorais”, acrescentou Gama.

Além do requerimento que pede a convocação de Palocci Filho, a parlamentar maranhense é autora de pedido de quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do petista e de suas empresas. Nenhum deles foi apreciado pela CPI, mas no caso de aprovação a situação de Palocci deve piorar de forma exponencial, o que decifrará o enigma da meteórica evolução patrimonial do ex-ministro.

Useiro e vezeiro

Diferentemente do que ocorre em países minimamente responsáveis, no Brasil do PT os corruptos são agraciados com cargos relevantes de acordo com ousadia dos crimes que cometem. Antonio Palocci, não se pode esquecer, foi protagonista do caso que teve no epicentro o indefeso caseiro Fracenildo Costa, o Nildo, cujo sigilo bancário foi violado para beneficiar Palocci, à época titular do Ministério da Fazenda.
Transgressor contumaz

Não bastasse, Palocci é um velho e conhecido “frequentador” de CPIs, tendo estreado nesse cenário investigatório por ocasião da CPI dos Bingos. Em 2002, o empresário Roberto Carlos Kurzweill, que à época cedia um carro blindado para Palocci e Delúbio Soares usarem em São Paulo, intermediou uma doação ao PT, no valor de R$ 1 milhão, feita por dois donos de bingo. José Paulo Teixeira Cruz Figueiredo, conhecido no mundo dos jogos de azar como “Vadim”, e José Valente de Oliveira Caio, o “Caio”, foram as almas caridosas que reforçaram o caixa da campanha de Lula naquele ano. Portugueses, Vadim e Caio se apresentaram aos petistas como sendo angolanos.

No final de 2002, entre outubro e novembro de 2002, Palocci teria participado de um encontro no hotel Sofitel, na capital paulista, com os angolanos donos dos bingos, na presença de Waldomiro Diniz. Naquela bisonha reunião, Palocci teria prometido aos empresários (sic) legalizar a atividade dos bingos. Pegou o dinheiro e ficou na promessa.

Milagre da multiplicação

Então ministro-chefe da Casa Civil, por escolha da companheira Dilma Rousseff, o petista Palocci durou pouco tempo no cargo. Sua derrocada na principal pasta do governo do PT foi fruto da inexplicável evolução de seu patrimônio, que ultrapassou com folga os limites da compreensão e ultrajou a seara do razoável. O petista conseguiu realizar a proeza de multiplicar em 20 vezes o seu patrimônio, entre 2006 e 2010, período em que cumpriu mandato de deputado federal.

Palocci teria recebido R$ 20 milhões somente em 2010, por meio da Projeto, empresa que prestava serviços de consultoria a empresas. De acordo com o ex-ministro, que agora está no foco da Operação Lava-Jato, ele firmou contratos entre 2006 e 2010 com empresas que consideraram “útil” a experiência dele como ministro da Fazenda entre janeiro de 2003 e março de 2006, durante o governo Lula.

Na verdade, tão logo deixou o Ministério da Fazenda no rastro do escândalo do caseiro Nildo, Antonio Palocci passou a prestar consultoria a bancos e instituições financeiras, uma vez que deixou na pasta pessoas de sua confiança, as quais lhe repassavam informações privilegiadas sobre as medidas econômicas que seriam tomadas pelo governo. O UCHO.INFO teve acesso muitas das notas fiscais emitidas contra os clientes de Palocci e pode afirmar que se trata de um escândalo.

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Em junho de 2011, uma ex-colaboradora de Palocci enviou ao celular da redação do UCHO.INFO duas curtas mensagens sobre as consultorias prestadas pelo petista. Em uma das mensagens, o nome de Branislav Kontic, braço direito de Antonio Palocci na política e nos negócios, foi mencionado, confirmando manterias anteriores do site.

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