Pela primeira vez na história dólar ultrapassa os R$ 4; confiança no governo Dilma despenca

dolar_25Tensão no ar – Nesta terça-feira (22), o dólar saltava mais de 1% e superava os R$ 4, o mais alto na história desde o advento do real. Os investidores estão apreensivos com a votação no Congresso Nacional dos vetos feitos pela presidente Dilma Rousseff e com a possibilidade de os juros subirem nos Estados Unidos ainda em 2015. Diante da expectativa que ronda a economia nacional, o Parlamento pode adiar o julgamento dos vetos presidenciais, segundo tese defendida pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL).

No fim da manhã, o dólar avançava 1,55%, e foi a R$ 4,0426 na venda, após atingir R$ 4,0530 na máxima da sessão, maior nível durante os negócios, superando a marca anterior de R$ 4, registrada em outubro de 2002. A moeda norte-americana ainda fortalecia intensamente contra as principais moedas emergentes, como os pesos chileno e mexicano. Às 15h59, a divisa ianque estava cotada a R$ 4,059.

Os investidores temem que o Congresso derrube o veto ao reajuste dos servidores do Judiciário, dificultando ainda mais o ajuste das contas públicas e alimentando apostas de que o Brasil pode perder o selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco, além da Standard & Poor’s. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), chegou a defender a manutenção desse veto, porém as preocupações se mantiveram.

O panorama externo também preocupa os investidores. O dólar subia a nível global após uma série de integrantes do Federal Reserve, banco central dos EUA, ressaltarem que podem dar início ao aperto monetário ainda neste ano, depois de postergar na última semana esse movimento, em meio a preocupações com a economia global.

De acordo com os operadores, a alta do dólar nesta sessão era acentuada também por operações de compras automáticas para limitar perdas, conhecidas como “stop-loss”, ativadas pela disparada da moeda norte-americana. “É um movimento violento. Ninguém quer ser o último a comprar”, ressaltou o operador de uma corretora nacional.

O salto da moeda americana alimentava também nas mesas de câmbio que o Banco Central pode ampliar ainda mais sua intervenção, uma vez que cotações mais altas tendem a pressionar a inflação já elevada. Na véspera, o BC realizou leilão de venda de dólares com compromisso de recompra, mas a moeda norte-americana ainda marcou o segundo maior fechamento contra o real na história.

O Banco Central dará continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

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