Terrorismo na rede – “O governo patrocina o crime e o ilícito nas redes sociais”, denunciou, nesta quinta-feira (08), o deputado federal Sandro Alex (PPS-PR), em audiência na CPI que investiga os crimes cibernéticos. A oitiva contou com a participação do ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Edinho Silva, ex-prefeito de Araraquara, no interior de São Paulo, e tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff em 2014.
O deputado revelou diante do auxiliar da presidente da República que a verba de publicidade governamental está financiando mais de quinhentos sites ilícitos, que veiculam, inclusive, pornografias. Somente em 2015, segundo declaração do próprio ministro Edinho Silva à CPI, foram investidos R$ 200 milhões na mídia virtual.
Em sua apresentação, Sandro Alex explicou que os anúncios governamentais são distribuídos nas mídias digitais automaticamente por meio de uma ferramenta chamada mídia programática, que leva em conta a quantidade de acesso dos sites. O problema é que a ferramenta não faz distinção, o que permite que a publicidade oficial acabe inserida também em sites piratas com grandes audiências
“Como o objetivo do governo é apenas audiência, há campanhas como a do Mais Médicos, da Pátria Educadora, da Caixa Econômica Federal e dos Correios em site de conteúdos criminosos. É o dinheiro público aplicado sem o menor critério”, criticou Sandro Alex, que comanda a sub-relatoria de Publicidade e Comércio Virtual na CPI.
De acordo com Sandro Alex, o valor levantado através dessa ilicitude é muito grande. Somente no setor audiovisual, os sites piratas causam um prejuízo estimado é de R$ 10 bilhões.
“O Brasil não precisa de mais impostos, de recriar a CPMF. Basta combatermos estes sites piratas”, reforçou.
Durante a audiência, Edinho Silva deixou claro que a pasta não tem controle sobre a aplicação dos recursos e disse que o governo, assim como as grandes marcas, são vítimas da pirataria virtual. Ele prometeu colaborar com os trabalhos da CPI e corrigir a distorção.
“O ministro não pode alegar desconhecimento. O governo é, sim, corresponsável por patrocinar esses sites. Alguém tinha conhecimento disso. A obrigação do governo é selar pelo dinheiro público. Estamos diante de um crime federal”, rebateu Sandro Alex.
Também participaram da oitiva os presidentes da ABA (Associação Brasileira de Anunciantes), Sandra Martinelli, e da ABAP (Associação Brasileira de Agência de Publicidade), Orlando Marques.
Polícia Federal e Ministério Público
O sub-relator cobrou que Edinho Silva encaminhe à CPI uma lista dos sites nos quais o governo veiculou propagandas a partir de 1º de janeiro de 2011, dia em que teve início o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. O parlamentar do PPS informou ainda que irá acionar a Polícia Federal e o Ministério público para pedir o compartilhamento de dados de investigações que estiverem em curso sobre sites piratas.