Eventual renúncia de Cunha se dará apenas diante da possibilidade de prisão da mulher e da filha

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Enquanto políticos dos mais variados partidos especulam sobre o futuro de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente da Câmara dos Deputados, nos bastidores, tem demonstrado tranquilidade em relação às denúncias no âmbito da Operação Lava-Jato. Alvo de processo no Supremo Tribunal Federal por corrupção e lavagem de dinheiro, Cunha viu seu calvário piorar nos últimos dias, depois que autoridades suíças revelaram que o peemedebista é beneficiário de contas secretas no país europeu.

Quando diz que seus adversários terão de aturá-lo por mais algum tempo na cena política nacional, Cunha não revela a forma como pretende estender sua permanência à frente da Câmara, uma vez que já foi protocolada no Conselho de Ética da Casa legislativa representação que pede a cassação do seu mandato.

Muitos parlamentares têm ocupado a tribuna da Câmara para pedir a renúncia de Eduardo Cunha, mas isso só acontecerá diante de apenas um cenário: no caso de sua esposa, Cláudia Cruz, e sua filha, Danielle Cunha, forem alvo de mandado de prisão. Nesse caso, Cunha poderia renunciar não apenas à presidência da Câmara, mas ao próprio mandato. A hipótese de Cláudia e Danielle serem presas não é remota, pois ambas aparecem como beneficiárias, ao lado do deputado, das contas abertas em bancos suíços.

Não se pode esquecer que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, acelerou o processo de delação premiada a partir da possibilidade concreta de a esposa, as filhas e os genros acabarem atrás das grades.

Apesar de todo esse cenário que lembra o enredo de um filme policial, Eduardo Cunha prefere manter a frieza no momento de tomada de decisões, marca registrada de uma carreira marcada por imbróglios dos mais distintos, desde o tempo em que assessorava (sic) o canhestro Paulo César Farias, o PC.

Para quem pensa que Cunha tronou-se presa fácil na seara política, o peemedebista tem demonstrado uma capacidade de resistência muito maior do que o esperado. Há dias, durante almoço com um parlamentar de seu grupo, Eduardo Cunha não apenas esboçou tranquilidade, mas disse que só deixará a presidência da Câmara com a presença da polícia.

Essa declaração, à qual o UCHO.INFO teve acesso, revela o futuro político nacional e pode ser interpretada de formas distintas. A primeira delas a partir da ótica de que Cunha resistirá até o último instante, usando a seu favor o Regimento Interno da Câmara e a habilidade para lidar com prazos regimentais e outros quetais.

A segunda interpretação permite concluir que o parlamentar já admite o fim da carreira, com direito a condenação penal e prisão. Sempre lembrando que o peemedebista poderá, em algum momento, sair atirando para todos os lados, levando para o cadafalso do Petrolão seus comparsas no mundo das transgressões e ilegalidades.

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