Em jantar com Dilma, Lula diz que Levy tem “prazo de validade”; presidente prestigia ministro

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Na noite de quinta-feira (15), em jantar com a presidente Dilma Rousseff, o agora lobista Luiz Inácio da Silva pediu mudanças na política econômica para sair da crise. O petista também defendeu o afrouxamento do ajuste fiscal e voltou a afirmar que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem “prazo de validade”. Levy e o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, são alvos constantes dos ataques de Lula, que se mostra cada vez mais irresponsável em relação ao Brasil e ao futuro do País.

No próximo dia 29, o Diretório Nacional do PT se reunirá em Brasília e cobrará, mais uma vez, a substituição do ministro da Fazenda, além de um “novo eixo” para a política econômica, com crescimento e distribuição de renda.

Segundo o ex-presidente, de nada adiantará o PT querer derrubar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se o governo não arrumar sua base parlamentar de apoio no Congresso Nacional e promover mudanças na economia.

O Palácio do Planalto e Lula, nesses últimos dias, têm promovido negociações de bastidores para tentar salvar o mandato de Cunha no Conselho de Ética da Câmara. Em troca, queriam que ele barrasse a abertura do processo de impeachment contra Dilma. Porém, diante do agravamento das denúncias que pesam sobre Cunha, a situação do deputado está sendo considerada “insustentável” pelo Planalto e por petistas.

Nesta quinta-feira, o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de inquérito para investigar Cunha, suspeito de desviar recursos da Petrobrás para contas secretas mantidas por ele e seus familiares na Suíça.

As articulações para livrar Cunha da cassação abriram uma guerra entre as correntes do PT e, após o vazamento da notícia, o Instituto Lula divulgou nota para desmentir que o ex-presidente tenha feito articulações para proteger o deputado no Conselho de Ética.

Pesou o fato de Cunha ter sugerido a emissários de Dilma a demissão de Cardozo. Em público, o presidente da Câmara nega essa exigência. Lula e integrantes da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT, também avaliam que Cardozo não controla a Polícia Federal e deveria deixar o cargo. Para eles, a Operação Lava Jato não pode se transformar na agenda do País.

Cardozo chegou a afirmar que Eduardo Cunha “deve ter as suas razões” quando pede a saída dele da pasta. “Muitas pessoas têm ficado desgostosas com a minha postura de garantir a autonomia das investigações da Polícia Federal e de só atuar em caso de evidências de abusos e ilegalidades”, afirmou o ministro da Justiça. “Se é verdade que o presidente da Câmara quer a minha saída, deve ter as suas razões. Cabe a ele explicitá-las”.

Dia do fico

Reclamando a pessoas próximas do isolamento que vive no governo, Joaquim Levy permanecerá no cargo, apesar dos fortes rumores que marcaram a Esplanada dos Ministérios nesta sexta-feira (16) e embalaram as cobiçadas reuniões que aconteceram no palácio do Planalto ao longo do dia. O Ministério da Fazenda, por meio de nota, informou que Levy continua no cargo.

Após participar de encontro reservado com Dilma, que viajou para a Suécia por volta das 21 horas deste sexta, Joaquim Levy ao final do dia À sede do Ministério da Fazenda, mas não falou com os jornalistas, que o questionaram sobre eventual carta de demissão.

“O ministro não pediu demissão. Não há essa carta [de demissão]. Não existe essa carta. Ele continua trabalhando e se esforçando pelo futuro do país”, informou a assessoria de imprensa do ministério.

Os rumores sobre uma eventual saída de Levy refletiu no mercado financeiro. Nesta sexta-feira, o Ibovespa avançou 0,16%, chegando a 47.236 pontos. No mercado de câmbio, o dólar encerou os negócios valendo R$ 3,8135, alta de 1,92%.

Resumindo, Dilma decidiu contrariar o desejo de Lula, o verdadeiro “dono” do governo, sem ter condições morais para tal, e prestigiou Levy. Afinal, o ministro da Fazenda está executando uma política econômica que foi avalizada pela presidente da República, que mesmo sem ter o poder ainda detém a caneta presidencial.

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