Na segunda-feira (19), a presidente Dilma Rousseff, parceira do governo da Rússia nos BRICS, criticou a intervenção militar russa na Síria. Falando ao lado do primeiro-ministro da Suécia, Stefan Löfven, em Estocolmo, a petista defendeu que negociações diplomáticas entre “grandes potências” resultem em uma coalizão para bombardear em conjunto o grupo terrorista Estado Islâmico.
A presidente reforçou suas críticas às intervenções militares internacionais em curso na Síria, porém, desta vez, incluiu a Rússia de Vladimir Putin, sócio do Brasil no grupo de grandes emergentes, os BRICS. “Não acreditamos que invadir e bombardear um país resolverá a questão”, declarou Dilma. “Esse também é o problema que cerca a intervenção russa”, completou.
Segundo a petista, não há solução militar para o conflito. “A intervenção russa tem a sua explicação no fato de ser uma proteção contra, entre outros, o grupo ISIS. Tem outros grupos com um componente similar, como Al-Nosra e Al-Qaeda. Eu não acredito em uma solução militar para o conflito sírio”, ressaltou.
Dilma voltou à sua polêmica defesa de diálogo com o Estado Islâmico. A versão surgiu em setembro do ano passado, durante a 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York quando Dilma afirmou em entrevista não acreditar que bombardeios contra o movimento jihadista, que tomou o norte da Síria e do Iraque, resolvessem o problema. “Vocês acreditam que bombardear o ISIS resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque”, afirmou na ocasião.
À época, a declaração foi interpretada como defesa de diálogo com o Estado Islâmico, o que a presidente voltou a negar hoje, classificando a análise como “falsidade” da oposição durante a campanha eleitoral de 2014. “No momento eleitoral no Brasil infelizmente as coisas são distorcidas”, afirmou.
“O Brasil acredita que certos conflitos, como o da Síria, do Iraque e da Líbia, têm de ser resolvidos de forma predominantemente diplomática”, reiterou, esclarecendo a seguir: “Nós somos radicalmente contra grupos terroristas como o ISIS”.
Indagada mais uma vez sobre se defendia o diálogo com o grupo, a presidente negou: “Óbvio que não. Não tem conversa com o Estado Islâmico”. “O Estado Islâmico não participa de uma mesa de negociação. Eles não participam porque têm outro tipo de política, como cortar gargantas. E aí é preciso combater com armas”, reconheceu.
Para Dilma, é preciso que as potências internacionais negociem um “acordo” que resulte em uma “intervenção comum”. “Não é com o Estado Islâmico que tem de conversar. Não há só o Estado Islâmico na Síria. É preciso uma tentativa de solução via grandes potências”, finalizou.