Vice-líder do PPS na Câmara dos Deputados, Arnaldo Jordy (PA) protocola nesta quinta-feira (22) pedido de convocação do empresário José Carlos Bumlai, o “conselheiro rural” de Lula e controlador da Usina São Fernando, em Mato Grosso do Sul. A Justiça sul-mato-grossense deve decidir nas próximas semanas se decreta a falência da usina, que deve ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) a bagatela de R$ 300 milhões. O valor equivale a um quarto da dívida da São Fernando.
O pedido de falência foi solicitado pelo próprio BNDES e protocolado na 5ª Vara Cível de Mato Grosso do Sul no dia 3 de agosto. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, as parcelas em atraso com o BNDES somariam R$ 18 milhões. Depois do BNDES, o maior credor da São Fernando é o Banco do Brasil, que tem a receber R$ 81 milhões da usina.
“Há muita explicação a ser dada por este empresário sobre as condições deste empréstimo e em que circunstâncias ele ocorreu. Talvez, estejamos diante de mais um negócio mal sucedido realizado pelo BNDES. Ou seja, o banco empresta milhões de reais de forma subsidiada e depois precisa recorrer ao expediente do pedido de falência para tentar solucionar o caso”, disse Arnaldo Jordy.
Bumlai, que também é criador de gado, foi mencionado na delação do lobista Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, que acusou o “conselheiro rural” de Lula de envolvimento no esquema de corrupção que sangrou os cofres da Petrobras. O delator declarou que o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, agora um bem sucedido lobista de empreiteira, reuniu-se ao menos duas vezes com José Carlos Bumlai e com João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil – companhia criada pela Petrobras para construção de 28 navios-sondas no Brasil.
Segundo Baiano, os encontros ocorreram no Instituto Lula, em São Paulo, no primeiro semestre de 2011, e antecederam a cobrança de R$ 3 milhões por Bumlai para supostamente pagar uma dívida de imóvel de uma nora do ex-metalúrgico. Fábio Luís Lula da Silva, filho de Lula, negou a acusação e já recorreu ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso ao conteúdo da delação.
Acusado de ser o operador de propinas de parte do PMDB no Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, Fernando Baiano prometeu apresentar documentos referentes ao pagamento feito a Bumlai, que, segundo o pecuarista, tinha como destino final a nora do ex-presidente da República.
É importante destacar que Baiano é meticuloso ao fazer negócios, mesmo quando ilícitos, e costuma guardar documentos e provas, além de registrar todos os detalhes de seus encontros. Isso significa que a situação de Lula e seus quejandos deve piorar sobremaneira nas próximas semanas. Com direito, inclusive, a depoimento do grão-petista ao juiz federal Sérgio Fernando Moro, responsável pelos na primeira instância do Judiciário pelos processos decorrentes da Lava-Jato.