Petistas se mobilizam para barrar convocação de pecuarista amigo de Lula em CPI na Câmara

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O PT acionou sua tropa de choque na CPI dos Fundos de Pensão para evitar a convocação do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio da Silva. Isso porque a convocação de Bumlai pode representar a confirmação do envolvimento de Lula nos escândalos de corrupção desvendados pela Operação Lava-Jato. Mesmo assim, a situação do ex-metalúrgico vem piorando com o passar dos dias, com vários escândalos sendo revelados por delatores.

Na quinta-feira (22), foi colocado em votação o requerimento para chamar o pecuarista para depor no colegiado, entretanto, deputados petistas se mobilizaram para evitar a ida do empresário à CPI.

Acusado de ser o operador de parte do PMDB no Petrolão, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, declarou ao Ministério Público ter pago a Bumlai R$ 2 milhões em propina. Segundo ele, uma nora de Lula seria o destino final do dinheiro. A declaração foi dada em acordo de delação premiada firmado no âmbito da Lava-Jato, que investiga o esquema de corrupção que funcionou durante uma década na Petrobras.

Os atos de Bumlai ainda o levam a irregularidades em fundos de pensão, foco da comissão de inquérito que tenta convocá-lo. Conforme Baiano, o pecuarista esteve ao menos duas vezes no Instituto Lula para uma reunião com o petista e João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, empresa criada pela Petrobras com bancos e fundos de pensão destinada a contratar navios-sonda. Foi durante uma dessas reuniões entre Lula, Ferraz e Bumlai que, de acordo com o delator, foi acordado o valor do repasse para a nora do ex-presidente.

Após a divulgação desses casos, o deputado peessedebista Marcus Pestana apresentou requerimento de convocação do pecuarista. O pedido estava em pauta na sessão desta quinta, porém deputados petistas apresentaram manobras para tirar o item da votação e ainda minimizaram a presença de José Carlos Bumlai na comissão.

“Não há nenhum dado que permita dizer que sequer os fundos de pensão e a Sete brasil estiveram presentes na delação e no envolvimento de pessoas que são objeto de requerimentos”, ressalta o deputado petista Paulo Teixeira. A investida contou com o apoio do também petista Ênio Verri e de parlamentares do PMDB.

O ex-presidente da Sete Brasil depôs à CPI dos Fundos de Pensão no início de outubro e, na ocasião, confirmou ter participado de pelo menos dois encontros com Lula. “O depoimento de João Carlos Ferraz legitima a delação do Baiano. Agora, convocar o Bumlai é essencial”, disse o presidente da CPI, deputado Efraim Filho (DEM-PB), que condenou a manobra dos parlamentares.

“A Operação Lava Jato é um elemento à parte no qual temas que tangenciam fundos de pensão também estão inseridos e nós não podemos fechar os olhos. Blindar essas investigações é muita coragem diante da perda dos servidores e dos beneficiários”, continuou o presidente.

Em meio à discussão, a sessão foi encerrada por causa do início da votação em plenário, o que inviabiliza a análise de requerimentos nas comissões. A discussão sobre a convocação de Bumlai deve ser retomada somente em novembro.

O amigo de Lula já foi citado diversas vezes durante as investigações do petrolão como o homem que representava os interesses do ex-presidente no esquema de corrupção da Petrobras.

Além de recolher propina para a campanha do amigo, ele, conforme Fernando Baiano, arrumou R$ 2 milhões para um dos filhos do ex-presidente. Bumlai aparece reivindicando parte da propina para pagar despesas da campanha presidencial de Lula em 2006.

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