Compra de MP: líder do PPS quer ouvir Lula e seu filho, Luís Cláudio, na Câmara dos Deputados

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Líder do PPS na Câmara dos Deputados, Rubens Bueno (PR) quer ouvir o quanto antes, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, o seu filho Luís Cláudio Lula da Silva, o ex-ministro Gilberto Carvalho, lobistas e representante das montadoras CAOA e Mitsubishi para que expliquem a nebulosa transação que, segundo denúncia que é alvo de investigação da Polícia Federal , resultou na compra, por R$ 36 milhões, da Medida Provisória 471/2009, que prorrogou de 2011 até 2015 a política de descontos no IPI de carros produzidos nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Nesta segunda feira (26), em nova etapa da Operação Zelotes, o escritório LFT Marketing Esportivo, do filho de Lula, foi alvo de busca e apreensão. Ele teria recebido R$ 2,4 milhões para atuar no esquema.

O pedido do PPS para ouvir o grupo foi apresentado pelo parlamentar no último dia 1º de outubro e ainda aguarda votação. Rubens Bueno também enviou requerimento à Casa Civil da Presidência da República cobrando esclarecimentos sobre o caso, que ocorreu na época em que a presidente Dilma Rousseff comandava a pasta.

“É impressionante o número de pessoas ligadas ao ex-presidente Lula que são alvo de operações da Polícia Federal. Parece um saco de caranguejo. Puxa um e vem outro grudado. É o Lulinha (Fábio Luiz da Silva) e a nora na Lava Jato. É empresário e amigão José Carlos Bumlai envolvido em lobby e repasses de dinheiro para o PT e à família de Lula. Agora é o Luís Claúdio na compra de uma uma MP. Sem contar o José Dirceu, o Vaccari e outros petistas presos pela operação Lava Jato. O Congresso tem a missão de apurar isso e queremos ouvir os envolvidos nesse caso da compra de MP o mais rápido possível”, cobrou o líder do PPS.

Para Bueno, o novo escândalo é de tamanha proporção que já está levando gente para a cadeia. O filho de Lula confirmou ter recebido dinheiro do escritório contratado para fazer lobby para as montadoras, mas não explicou que serviço prestou. Existem ainda informações de que outras pessoas ligadas ao PT também receberam.

“Esperamos que todos os citados tenham a dignidade de vir a Câmara prestar esclarecimentos para a sociedade. O caso coloca sob suspeição a edição de muitas medidas provisórias editadas nos governo de Lula e Dilma que beneficiaram setores específicos da economia”, disse o líder do PPS.

Na opinião do parlamentar paranaense, fica cada vez mais claro que o governo do PT transformou o Palácio do Planalto e a Esplanada dos Ministérios em um grande e imundo balcão de negócios. “Quem paga mais leva. E que se dane o interesse da Nação. O que interessa para o PT é o caixa do partido e o bolso daqueles que comandam os esquemas de corrupção”, criticou o deputado, que espera que a Polícia Federal e o Ministério Público leve a fundo a investigação sobre o caso, que veio a tona após a apuração de documentos apreendidos durante a operação Zelotes, que investiga um esquema de fraude no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

O caso

O caso envolve os escritórios SGR Consultoria Empresarial, do advogado José Ricardo da Silva, e Marcondes & Mautoni Empreendimentos, do empresário Mauro Marcondes Machado. Eles teriam sido contratos pelas montadoras para obter a extensão das benesses fiscais de R$ 1,3 bilhão ao ano por ao menos cinco anos. Os incentivos expirariam em 31 de dezembro de 2010, caso não fossem prorrogados.

O Estadão, que teve a acesso e documentos e trocas de mensagens sobre o caso, relata também que a MP passou pelo crivo da presidente Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. Anotações de um dos envolvidos no esquema descrevem ainda uma reunião com o então ministro Gilberto Carvalho para tratar da norma, quatro dias antes de o texto ser editado e assinado pelo ex-presidente Lula.

O negócio também envolve a empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. A Marcondes & Mautoni Empreendimentos pagou R$ 2,4 milhões à LFT Marketing Esportivo, aberta em março de 2011.

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