Membro da CPI do BNDES, o deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA) protocolou, na tarde de terça-feira (27), com requerimento que pede a convocação do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do grupo CAOA – um dos maiores revendedores de veículos do Brasil.
O CAOA é alvo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal por supostamente ter “comprado” medidas provisórias nos governos Lula e Dilma. O caso é investigado na Operação Zelotes, que apura fraudes a partir de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). Carlos Alberto de Oliveira Andrade, em uma das fases da megaoperação, foi levado para depor.
O parlamentar lembra que o grupo CAOA também é investigado por supostamente ter pago propina no valor de R$ 2 milhões a Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, conhecido como Bené, amigo e irmão camarada do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT).
Bené e Pimentel são alvos de outra operação da Polícia Federal, a Acrônimo, que investiga crimes de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo o BNDES, usado para a concessão de empréstimos subsidiados a grupos econômicos. Fernando Pimentel, “companheiro de armas” da presidente Dilma Rousseff, presidiu o Conselho de Administração da instituição financeira e foi ministro do Desenvolvimento entre os anos de 2011 e 2014.
“A vinculação do Sr. Carlos Alberto de Oliveira Andrade às questões relativas a empréstimo irregular ao que parece não se resume a contrato envolvendo o nome do BNDES, mas também a outros fatos que foram destaque na mídia nacional. Neste sentido, é fundamental que este senhor preste os esclarecimentos necessários a esta comissão parlamentar de inquérito”, justifica Jordy, no pedido de oitiva. A próxima reunião deliberativa da CPI do BNDES está prevista para ocorrer na terça-feira, 3 de novembro.
As operações Zelotes e Acrônimo, que de chofre não exibiram a mesma “musculatura” da Lava-Jato, ganha espaço na mídia nacional com o passar dos dias, especialmente porque os investigados são políticos destacados ou pessoas ligadas aos mesmos.
Em relação a Acrônimo, fosse o Brasil um país minimamente sério e com autoridades corajosas, Pimentel já teria sido afastado do governo de Minas Gerais, até porque o escândalo vem de muito tempo e tem na alça de mira muitos empresários do tipo “peso-pesado”. A relação incestuosa do então ministro do Desenvolvimento com figuras proeminentes da economia verde-loura por si só é motivo para sacar Pimentel do poder.
No caso da Zelotes, o envolvimento de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, deu maior visibilidade à operação, que pode, com o avanço das investigações, descobrir um crime tão acintoso quanto o Petrolão ou até maior. O tempo dirá quem é quem nesse mar de corrupção em que se transformou o Brasil.