Alegando inconsistência da defesa de Cunha, tucanos rompem com o presidente da Câmara

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Líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Carlos Sampaio (SP) anunciou nesta quarta-feira (11) a ruptura da bancada com o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alegando que a defesa do peemedebista apresentada até o momento é inconsistente. Contudo, Sampaio afirmou que não haverá pressão pela saída de Cunha para não “paralisar” a Câmara. O parlamentar tucano também deixou claro que o foco da oposição continua sendo a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

O peessedebista reuniu a bancada durante a manhã desta quarta-feira para comunicar que fará o pronunciamento em plenário pedindo o afastamento de Cunha. Ele ressaltou que a medida não deve ter efeitos práticos sobre o futuro do presidente da Câmara, porém argumentou que o PSDB “não pode transigir com o que não é ético”. Sampaio lembrou que caberá agora a Cunha provar ao Conselho de Ética que não mentiu à CPI da Petrobrás quando negou que tivesse contas ocultas no exterior.

O líder também explicou que, em decisão unânime da bancada, os tucanos concluíram que a defesa prévia de Cunha não foi convincente e que as provas são contundentes. Ele chamou as entrevistas do fim de semana de “desastre”. “Se ele não tiver provas, certamente terá muitas dificuldades no Conselho de Ética”, destacou.

Os titulares do Conselho de Ética da bancada, Nelson Marchezan Júnior (RS) e Betinho Gomes (PE), que estavam presentes na reunião, disseram que a posição do PSDB é pelo afastamento de Cunha, mas que no colegiado vão aguardar o parecer prévio sobre a admissibilidade do processo antes de se pronunciar. Eles evitaram defender abertamente a cassação do deputado, porém disseram que querem o prosseguimento da investigação contra o peemedebista.

Carlos Sampaio reconheceu que o presidente da Câmara deu em sua gestão um protagonismo à oposição, afirmou que Cunha foi correto com a minoria, mas destacou que ninguém esperava o volume de denúncias contra ele. Ele negou que houvesse até então uma aliança com o peemedebista. “Rompe quem tem aliança”, afirmou.

O tucano anunciou que não participará mais das reuniões de bancada na residência oficial da presidência da Câmara.

Para Sampaio, Cunha já está sendo julgado e independentemente dele deferir ou não o pedido de impeachment de Dilma, a posição da bancada sobre sua permanência no comando da Casa não mudará. “Temos uma causa mais importante para o País que é o impeachment de Dilma. Continuaremos perseguindo esse caminho em defesa do País”, declarou.

Com foco no afastamento de Dilma, o líder tucano disse que a bancada está “extremamente confiante” na abertura do processo de impeachment. “Se ele deferir, estará cumprindo sua missão”, finalizou.

Mais cedo, Sampaio se reuniu com líderes da oposição para tentar convencê-los a seguir o mesmo posicionamento. DEM e PPS decidiram reunir as bancadas antes de se pronunciarem, mas tendem a seguir os tucanos. Já o Solidariedade manterá o apoio a Cunha.

Que o Brasil não tem uma oposição à altura do estado de coisas boa parte da população já sabe, mas esse comportamento dual do PSB, típico de quem insiste em permanecer em cima do muro, não convence até mesmo o mais ignaro em termos políticos. Se Eduardo Cunha é desprovido de ética parlamentar, como alegam os tucanos e está comprovado pelos fatos, nenhum de seus atos, mesmo que esses contemplem os anseios oposicionistas, pode ser levado a sério. Aliás, um pedido de impeachment contra Dilma deliberado por alguém como Cunha é no mínimo enredo de um faroeste caboclo.

No momento em que os brasileiros compreenderem que na democracia o poder emana do povo e que esse é o verdadeiro flanco de oposição à roubalheira que derrete o país em todos os seus quadrantes, talvez esse governo bandoleiro que aí está decrete o próprio fim. Sem a pressão popular o estado de coisas será o mesmo pelo menos até 31 de dezembro de 2018. Até porque, depender do PSDB é um devaneio que se compara à fábula da cegonha.

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