Arrecadando cada vez mais com multas, prefeito de SP investe 70% menos em recapeamento das vias

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Os recursos gastos com recapeamento na cidade de São Paulo foram reduzidos em 70% pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT). Essa queda é constatada na comparação entre o investimento realizado pelas subprefeituras no ano de 2012, último de Gilberto Kassab, e a verba prevista para as intervenções no asfalto este ano. A diferença é de R$ 171,7 milhões.

Também houve redução de 63% na metragem de pavimentação, de 2,3 milhões de metros quadrados para 847 mil metros quadrados. Os números se revelam nas avenidas e ruas de São Paulo. Em todas as regiões há exemplos de asfalto com buracos ou calombos na pista, dificultando o dia a dia dos motoristas.

O único grande programa de recapeamento ordenado pelo prefeito petista se deu por causa da Copa do Mundo. No ano passado, algumas das principais vias da capital, como as Marginais (Tietê e Pinheiros), as Avenidas São João, Paulista e Rebouças e o Elevado Costa e Silva (Minhocão) receberam asfalto novo. Ao todo, foram 64 pontos de intervenção e R$ 91,3 milhões investidos.

Já nos dez primeiros meses de 2015, apenas 28 vias foram recapeadas. Contudo, esse total deve aumentar, de acordo com previsão orçamentária da prefeitura, alcançando ao menos 847 mil metros quadrados de asfalto produzido – o número foi obtido levando-se em conta o preço médio por metro quadrado, que é de R$ 85,00.

Na gestão Haddad, dados como a data da obra, a metragem linear e a metragem quadrada deixaram de ser publicados na internet. A prefeitura não explica a razão. Superintendente das Usinas de Asfalto da prefeitura, Marcelo Bruni afirma que mais recursos serão empenhados ainda em 2015. Serão cerca de R$ 10 milhões destinados para recapeamento por meio de emendas de vereadores.

Segundo Bruni, a redução da metragem de asfalto produzida pela prefeitura desde 2013 é resultado dos esforços feitos por gestões passadas e também da maior qualidade do asfalto. “Os investimentos a partir de 2010 deram resultado. De lá para cá, tanto a técnica de aplicação do material como a qualidade dele melhoraram bastante. Como consequência, a vida útil da pavimentação agora é maior”.

Entretanto, Bruni destacou que a prefeitura não está satisfeita porque “há muito o que melhorar ainda”. Ele cita mudanças na operação “tapa buraco” como um bom começo. “A pedido do Tribunal de Contas do Município (TCM), adotamos novos procedimentos. Hoje, não trocamos um buraco por uma lombada, como antes. Fazemos o nivelamento da via”.

Outro ganho se refere às obras de corredores de ônibus. Conforme a prefeitura, as vias exclusivas geraram serviços de recapeamento feitos pela Secretaria de Transportes em grandes avenidas, como a Marquês de São Vicente, na Zona Oeste. Neste ano, R$ 10,4 milhões foram investidos para fazer esse tipo de intervenção no asfalto.

Haddad atribuiu o desgaste da pavimentação às “intempéries climáticas”. “Tem muita chuva e muito sol em São Paulo, e isso dificulta”, afirmou o prefeito, que prometeu destinar mais recursos para o recapeamento das vias. Segundo o petista, o serviço extra será viabilizado com um aporte de R$ 60 milhões adicionais e deve ocorrer ainda em 2015, para melhorar a média de investimento na área. No entanto, Haddad não informou de onde vai remanejar a verba.

A assessoria de imprensa da prefeitura também não detalhou quais áreas perderão verba para que o recapeamento possa ser reforçado e quais regiões serão beneficiadas com a verba suplementar – a expectativa é de que os esforços se concentrem na periferia. No orçamento do ano que vem, a prefeitura prevê mais do que dobrar o investimento atual. Em ano eleitoral, a proposta é gastar R$ 180 milhões em obras nas vias.

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