Os integrantes da força-tarefa da Operação Lava-Jato disseram nesta terça-feira (24), durante entrevista coletiva para explicar a nova fase da operação, a “Passe Livre”, que o pecuarista José Carlos Bumlai começou a ser investigado pela Polícia Federal após a delação premiada do lobista e operador de propinas Fernando Soares, o Fernando Baiano.
De acordo com o procurador Diogo Castor de Mattos, Bumlai teria oferecido apoio político à construtora Schahin para a obtenção de contratos com a Petrobras.
O procurador afirmou que as investigações mostraram que o empresário é autor de lavagem de dinheiro e movimentação ilegal de recursos por meio de empresa de fachada. Conforme Mattos, o empréstimo de R$ 12 milhões, contraído por Bumlai, em 2004, junto ao Banco Schahin, tinha como beneficiário o Partido dos Trabalhadores (PT), sob a aparência de legalidade.
Ele também argumentou que os empréstimos não cobrados são similares ao que ocorreu no escândalo do Mensalão do PT. “Conseguimos comprovar que o empréstimo de R$ 12 milhões a Bumlai não havia sido pago”.
No caso do Mensalão do PT, como afirmou o UCHO.INFO durante longos anos, os empréstimos bancários visavam a repatriação de recursos ilegais, já que as instituições financeiras envolvidas tinham filiais no exterior, em especial em paraísos fiscais. Não por acaso, o marqueteiro Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula em 2002, recebeu parte dos honorários em conta aberta em paraíso fiscal em nome da offshore “Düsseldorf”.
Apesar de o Partido dos Trabalhadores ter sido citado como beneficiário do empréstimo de fachada, o procurador Carlos Fernando de Souza Lima afirmou que o suposto caminho do dinheiro até chegar a sigla ainda está sob investigação.
Conforme o Ministério Público Federal destaca, Bumlai utilizou contratos firmados entre o Schahin e Petrobras para quitar os empréstimos junto ao banco do grupo empresarial. No detalhamento do empréstimo, Diogo Castor disse que houve total perdão dos juros, o que mostra a irregularidade da transação. Ele citou que além do empréstimo principal que envolve a estatal petrolífera, há dezenas de outros empréstimos não pagos, envolvendo pessoas físicas e jurídicas, cujo total está na casa de dezenas de milhões de reais.
Nesta fase da operação, a força-tarefa investiga o uso de empréstimos para a lavagem de dinheiro, ao contrário do uso de empresas de consultoria, como foi revelado nas etapas anteriores.
A operação começou a partir da delação do ex-gerente internacional da Petrobras, Eduardo Vaz Musa, que citou a propina da empreiteira Schahin para Nestor Cerveró e outros executivos da estatal por meio de empréstimo do Banco Schahin para José Carlos Bumlai.