Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado Federal, tardou, mas para a sorte do Brasil não falhou. Investigado no âmbito da Operação Lava-Jato, Delcídio sabia que em algum momento seria alcançado pela Justiça. Tanto é assim, que tentou comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras, com o pagamento de uma mesada (R$ 50 mil) e um amador plano de fuga.
Independentemente das circunstâncias em que se deu a prisão do petista, os brasileiros de bem precisam reagir e não aceitar uma eventual tentativa do Senado de revogar a decisão tomada acertadamente pelo Supremo Tribunal Federal. Estabelece a Constituição, de forma clara e inconteste, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza” (artigo 5º Caput), por isso o Senado não pode, pela necessidade de manter-se a moralidade na coisa pública, modificar a decisão do STF e, por consequência, criar uma crise institucional maior do que a já existente.
Em reunião reservada com alguns lideres políticos, logo após o anúncio da prisão de Delcídio, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também é investigado na Operação Lava-Jato, não escondeu sua preocupação com a situação do líder do governo na Casa.
Temendo que a prisão de Delcídio Amaral abra precedente para que novas prisões de parlamentares ocorram na esteira do Petrolão, o maior escândalo de corrupção da história, Renan chegou a cogitar a possibilidade de o Senado revogar a prisão do petista, mas a preocupação do parlamentar alagoano só se justifica se outros políticos estejam cometendo o mesmo erro: obstruir o trabalho da Justiça.
Nos encontros que manteve com Romero Jucá, Aécio Neves e José Sarney, o presidente do Senado foi alertado para o fato de que as provas contra o senador do PT são graves e irrefutáveis, sendo que o mesmo acabou nas mãos da Polícia Federal porque tentou ingerir nos processos decorrentes da Lava-Jato. A situação de Delcídio tornou-se ainda pior porque o petista, na conversa que manteve com o filho de Nestor Cerveró, teria mencionado os nomes de alguns ministros do STF, como se pudesse alterar os rumos das investigações e dos processos.
A primeira proposta apresentada ao presidente do Senado foi o relaxamento da prisão de Delcídio Amaral, que ficaria sob a custódia da Polícia Legislativa Federal. Por sorte a proposta perdeu força, para não afirmar que nasceu morta. Afinal, a ideia era deixar Delcídio sob os cuidados pessoas hierarquicamente subordinados a ele.
Advogado ouvidos pelo UCHO.INFO afirmam ser quase remota a chance de o Senado revogar a prisão de Delcídio Amaral, mas é preciso estar atento, pois no Congresso Nacional prevalece de maneira acintosa o corporativismo. Considerando que muitos são os parlamentares denunciados na Operação Lava-Jato – alguns já são processados pelo STF –, não causará surpresa se o pior acontecer.