Integrante da CPI do BNDES, o deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE) anunciou nesta segunda-feira (30) que entrará com representação no Ministério Público Federal (MPF) para que os procuradores investiguem o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por suposta gestão temerária da instituição financeira.
Análise preliminar dos auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta indícios de que o apoio do BNDES ao frigorífico JBS pode ter lesado o banco de fomento em quase um bilhão de reais.
O relator da auditoria no Tribunal de Contas, ministro Augusto Sherman, disse que os fatos levantados pelos técnicos demonstraram a existência de indícios de tratamento privilegiado do BNDES para com a JBS.
“Estamos diante de mais um resultado catastrófico para o BNDES, que é fruto de uma diretriz equivocada. Trata-se da chamada política dos campeões nacionais. Ao escolherem determinados grupos privados para receber dinheiro subsidiado do banco estatal, os governos do PT provocaram rombos financeiros na própria instituição, bem como na economia do país. Nesse sentido, é que vamos pedir aos procuradores que apurem a responsabilidade por esta suposta gestão temerária no banco”, justificou o parlamentar do PSDB.
O grupo JBS, maior processador de proteína animal do mundo, recebeu, entre os anos de 2006 e 2014, R$ 8,1 bilhões para comprar empresas estrangeiras e se tornar um gigante no setor. Em troca, o banco tornou-se sócio da empresa, pagando pelas ações muito mais do que o valor praticado no mercado acionário.
A compra de debêntures da companhia e o aumento da participação acionária do banco estatal no grupo dos “irmãos Batista” (Wesley e Joesley) estão entre as medidas geradoras do suposto prejuízo de R$ 847,7 milhões.
Muito estranhamente, um empresário sem qualquer conexão com o poder central sempre dá com “a cara na porta” quando pleiteia um financiamento junto ao BNDES, que tornou-se famoso no mercado por criar tantas dificuldades. Até porque, no banco de fomento federal somente os “amigos do rei” têm os pedidos atendidos, mesmo que as respectivas empresas estejam em situação de penúria. Como disse certa feita um conhecido comunista de boteco, “nunca antes na história deste país”.
