O encontro que reuniu a presidente Dilma Rousseff e o vice Michel Temer serviu para nada, como já era esperado. Preocupada com a possibilidade de impeachment e surpreendida pelo conteúdo devastador da carta enviada pelo peemedebista, Dilma foi ao encontro de Temer para dizer que está pronta para corrigir os erros do governo – depois de cinco anos de equívocos absurdos e inaceitáveis. Temer, por sua vez, não tinha outro comportamento a adotar, que não o de ratificar aquilo que escreveu na carta supostamente confidencial.
Após jantar no Palácio do Planalto, o que mostra a impessoalidade do encontro, Dilma, por meio de sua assessoria, divulgou nota que não convenceu. “Na nossa conversa, eu e o vice-presidente Michel Temer decidimos que teremos uma relação extremamente profícua, tanto pessoal quanto institucionalmente, sempre considerando os maiores interesses do País”, informou a nota presidencial.
Depois do estrago que tomou conta da Praça dos Três Poderes nos últimos dias, a presidente da República se limita a uma declaração pífia e insossa, cuja extensão fala por si só. Ou seja, Dilma permanece na mesma situação de dificuldade em que se encontrava antes do jantar com Temer, que por sua vez parece não ter se arrependido da decisão tomada.
Em conversa com editor do UCHO.INFO, pessoa próxima a Michel Temer disse que qualquer recuo por parte do vice a essa altura dos acontecimentos seria um suicídio político, em especial para alguém que já anunciou sua aposentadoria como homem público. Será em 2018.
Como se não bastasse, a certeza de Temer em relação ao avanço do processo de impeachment é tamanha, que o peemedebista só falta escolher o terno da posse, pois até a equipe ministerial já está em processo de formação.
Diante de um cenário tão grave e preocupante, recheado de proselitismos jurídicos, falar em “relação extremamente profícua” é desdenhar da capacidade de raciocínio do brasileiro. Dilma tem o direito de lutar pelo cargo, já que do poder abriu mão recentemente, mas não se pode impor ao País uma situação marcada por indecisões, que turbina uma crise múltipla e sem fim.
Diante dos desdobramentos pouco favoráveis desse imbróglio que surgiu a partir do pedido de impeachment, devida e legalmente acolhido pela Câmara dos Deputados, Dilma deveria ressuscitar a coragem dos tempos de luta armada e, em ato de grandeza, renunciar à Presidência, permitindo que o Brasil siga o seu caminho com os tropeços inerentes à crise. Querer piorar o cenário apenas por capricho pessoal é excesso de egoísmo e vaidade desmedida.
Por outro lado, o brasileiro precisa estar atento à possibilidade, cada vez maior, de Michel Temer assumir o comando do País, pois não se pode esquecer que o PMDB, que sofre uma devassa no âmbito da Operação Lava-Jato, não é uma reunião de querubins barrocos bem intencionados. Enfim…