O discurso na órbita da Carta de Puebla – que prega a opção preferencial pelos pobres – recitado todos os dias pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR) contrasta violentamente com seu comportamento hedonista. Quando governou o Paraná, o peemedebista vivia na residência campestre do Estado como um senhor feudal. Mantinha 88 cavalos, à custa do erário, para passear com os amigos. Fora isso, é o senador que mais viajou ao redor do planeta sob as expensas do contribuinte.
No Twitter, Requião combina comentários criticando os “rentistas” e o capitalismo, com descrições luxuriantes de seus passeios por vários países, visitas a caros e renomados restaurantes, onde em seus rega-bofes não dispensa a companhia de excelentes vinhos. Requião acumula o salário de ex-governador (R$ 29 mil) ao de senador (R$ 33,7 mil) sem interromper por um segundo sequer o discurso populista em defesa dos pobres.
Mesmo assim, o senador paranaense ingressou na Justiça para retomar um terreno doado por seu pai, que foi prefeito da capital, ao município de Curitiba em 1949. A família Requião é dona de grande número de propriedades no centro da capital do Paraná e a tentativa de reverter uma doação de 66 anos atrás comprova que o discurso contra o lucro, a acumulação de capitais e em favor da reforma agrária, reforma urbana e melhor distribuição de renda só tem validade quando refere-se às propriedades alheias.
A devolução do terreno, de 300 metros quadrados, no centro de Curitiba, altamente valorizado, está sendo discutida na Câmara Municipal. Apesar de a maioria dos pareceres apontarem para a ilegalidade da tentativa de reverter a doação, a bancada favorável ao senador está prevalecendo e a doação de mais de meio século deve ser revertida em prejuízo do município.
O senador Roberto Requião é conhecido pela excentricidade, truculência e o discurso esquerdista. Recentemente, esteve na Venezuela como observador chavista das eleições.
Em Caracas, usando o microblog que mantém no Twitter, Requião postou mensagem informando que as eleições foram perfeitamente limpas (ao contrário do que disseram observadores independentes e organismos internacionais) e garantiu que, ao contrário do que a imprensa internacional noticia, os venezuelanos vivem em meio à maior abundância de gêneros de consumo.
Todas as denúncias sobre escassez, inclusive a folclórica e crônica falta de papel higiênico, seria mera invenção da imprensa canalha e golpista que tenta incansavelmente derrubar o governo popular e de esquerda de Nicolás Maduro.
