Em Assembleia realizada nesta quarta-feira (16), na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no Rio de Janeiro, o presidente da Federação Paraense de Futebol, Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes, foi eleito sem maiores dificuldades para ocupar a cadeira deixada por José Maria Marin, que renunciou ao cargo após ser preso pela Justiça Americana por conta de envolvimento nos escândalos de corrupção de FIFA e Conmebol. Nunes era candidato único.
“Sinto-me honrado. Farei o possível para contribuir com minha humildade e experiência. O diálogo será minha maior ferramenta. Saberei ouvir antes de qualquer decisão. O momento é de reflexão. O futebol brasileiro precisa ser referência de vitórias. E precisamos também resgatar a confiança do torcedor. Pela minha experiência de anos, entendo que este é o momento ideal de todos aqui presentes dividirmos essa responsabilidade. Para finalizar, quero agradecer a todos pelo respeito e credibilidade. Que possamos começar a escrever e trilhar dias melhores pelo futebol brasileiro. Peço ainda permissão a minha esposa Rosa por mais um espaço de tempo que a missão do futebol nos distancia do lar. Mas é esse amor que dá sentido à vida”, afirmou Nunes.
Dos 55 presentes (entre representantes de clubes das séries A e B, mais as 27 federações), 44 votaram no Coronel Nunes, três votaram “não” pela eleição e mais três votaram em branco. As Federações da Bahia, de Alagoas e de Santa Catarina optaram por se abster, bem como as equipes do Bahia e do CRB-AL.
A eleição de Nunes representa uma vitória política do grupo do presidente licenciado Marco Polo Del Nero, grande articulador da Assembleia desta quarta. Com 77 anos, o Coronel passa a ser o mais idoso entre os vices e sucessor natural em caso de saída forçada ou renúncia do aliado Marco Polo.
A manobra de colocar o vice-presidente serviu para encerrar as chances do opositor Delfim Peixoto de ficar com o comando da CBF. Com o caminho livre, o grupo de Del Nero garante a permanência no comando da confederação mesmo com possíveis desdobramentos das investigações em curso.
Um dos presentes e que se absteve na votação, o presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, explicou sua posição na votação. “Não é uma questão de oposição à CBF, mas uma posição de ser contra à maneira errada como tal processo foi conduzido. Convocaram a Assembleia no dia 4 de dezembro, sendo que não tinha carta de renúncia do Marin [substituído pelo Coronel Nunes]. Essa carta, que deixaria a cadeira vaga, chegou apenas no dia 11 de dezembro. No dia 7, o Gustavo Feijó [presidente da Federação Alagoana] esteve aqui na CBF, pediu para ver o documento de renúncia e não tinha. Isso torna o processo complicado. Não posso ser a favor disso”, argumentou.
A eleição correu o risco de não acontecer nos últimos dias devido a uma liminar conquistada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. No entanto, a liminar foi cassada na terça-feira (15) e o pleito ocorreu normalmente.