Nesta segunda-feira (21), o secretário estadual de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, convocou uma coletiva e anunciou que o atual diretor da Corregedoria da Polícia Civil, delegado Nestor Sampaio Penteado Filho, foi afastado do cargo. Em seu lugar assumirá o delegado Domingos de Paula Neto, atual diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
As demissões foram anunciadas após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar que o Ministério Público Estadual (MPE) investiga a existência de um “mensalão” pago por policiais corruptos à Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
De acordo com Moraes, essas mudanças acontecem porque todos os membros da Corregedoria citados pelo MPE serão investigados em inquéritos policiais. “Para evitar o constrangimento do chefe da equipe investigar a própria equipe”, argumentou.
Ainda foram afastados sete investigadores da Polícia Civil, o chefe dos investigadores do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Silvio Toyama, e o delegado Luiz Longo.
Em imagens divulgadas – principal prova do MPE –, promotores de Justiça são enganados por policiais civis que facilitam a fuga de dois investigadores acusados de corrupção. As imagens foram gravadas pelo circuito de segurança do Deic, em Santana, na Zona Norte da capital paulista, onde o caso aconteceu, em novembro.
Conforme as investigações, os corregedores venderiam proteção aos homens que deveriam investigar e prender. Em troca de até R$ 50 mil, os corregedores informavam a delegacias e departamentos da Polícia Civil o planejamento de operações do MPE e o recebimento de denúncias feitas por vítimas de extorsões de policiais.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), declarou que os policiais envolvidos no “mensalão” da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo serão processados e podem ser expulsos da corporação. “Os policiais envolvidos, todos eles, responderão em processo. Se for confirmado, serão expulsos da polícia e responderão civil e criminalmente”, ressaltou Alckmin, sem dizer quem são os alvos.
É preciso que as autoridades do mais importante estado da federação deixem de hipocrisia, pois é sabido, não é de hoje, que a corrupção corre solta nos meios policiais. Há anos, o editor do UCHO.INFO desafiou o governador Geraldo Alckmin a fazer uma visita não programada a algumas delegacias da capital paulista para checar os crimes cometidos por policiais. Muitos desses servidores que deveriam dar segurança à população agem como verdadeiros marginais, extorquindo pessoas inocentes e criminosos contumazes. O que permite que os respectivos patrimônios não sejam condizentes com os vencimentos.
Em uma elegante rua dos Jardins, região nobre da cidade, um investigador de polícia guardava no estacionamento de um flat uma frota de carros de luxo de fazer inveja. Fora isso, o policial tem em seu patrimônio fazendas e criação de cavalos de raça. Sem contar as empresas abertas nos Estados Unidos para a prática de crimes internacionais. Isso tudo com o salário de investigador.
Pois bem, se existe na estrutura da polícia paulista uma Corregedoria para coibir transgressões e punir os maus policiais, os mesmo só continuam agindo de forma criminosa porque sempre existiu um acerto entre os “bandidos” e os “mocinhos”, se é que nesse conluio há espaço para pessoas bem intencionadas. Apesar de mais um episódio conturbado e eivado pelo crime, há na Polícia Civil de São Paulo inúmeros profissionais sérios, honestos e competentes, os quais não podem ser alcançados por essa mácula produzida por alguns que têm como objetivo primeiro o lucro financeiro a qualquer preço, não importando como o enriquecimento aconteça.