Que o mercado financeiro reagiria negativamente diante da troca de comando no Ministério da Fazenda todos sabiam. Afinal, Nelson Barbosa, que deixou a pasta do Planejamento para substituir Joaquim Levy na Fazenda, é visto pelos profissionais do mercado como um representante do modelo econômico obtuso que levou a economia brasileira à ruína.
A primeira reação surgiu no mercado de câmbio, com o dólar ultrapassando a barreira dos R$ 4 no início da tarde desta segunda-feira (21), no rastro da fala de Barbosa. Às 14h29, a moeda norte-americana subia 2 %, cotada a R$ 4,0259, depois de atingir R$ 4,0408 na máxima do dia.
Nelson Barbosa participou nesta segunda de teleconferência com investidores nacionais e estrangeiros, fórmula encontrada para tentar conquistar a confiança do mercado. Contudo, a percepção dos profissionais do mercado financeiro é a de que o novo ministro adotará postura mais flexível em relação ao ajuste fiscal concebido por Levy. Os especialistas apostam que Barbosa retomará o modelo da chamada “nova matriz macroeconômica”, adotada pelo petista Guido Mantega, que deixou a pasta no final de 2014 debaixo de uma enxurrada de críticas.
De acordo com os operadores de câmbio, a teleconferência nada trouxe de extraordinário para justificar a alta do dólar, mas Nelson Barbosa deu sinais de que a política fiscal não será suficiente para garantir superávits primários sustentáveis.
Profissionais do mercado alertam para o fato de Barbosa afirmar que não pretende alterar a fórmula de reajuste do salário mínimo, assim como preocupa sua menção ao BNDES, que segundo o novo titular da Fazenda, ter afirmado que o banco de fomento tem fontes próprias de financiamento.
A segunda reação negativa surgiu no mercado de ações. Depois atravessar a manhã desta segunda e alta, a Bovespa inverteu a trajetória e registrou queda no começa da tarde, reforçando as perdas no rastro das ordens de venda de ações por parte de investidores estrangeiros.
Às 14h35, o Ibovespa recuava 1,12%, aos 43.638,42 pontos, mas na mínima chegou a cair 0,90%, aos 43.423 pontos. As principais baixas no mercado de ações ficaram por conta da Petrobras e de instituições financeiras.