Escrever é o meu Natal de cada dia

(*) Ucho Haddad

ucho_24A crise econômica conseguiu resgatar o verdadeiro espírito do Natal. Sem dinheiro no bolso, o brasileiro foi obrigado a focar na celebração do nascimento de Cristo, data que para mim acontece todos os dias. A cada nova meia-noite começa um Natal diferente e melhor. Aliás, o Natal é a elevação do espírito, a comunhão dos desejos, o incensar das orações, a confirmação da vida. Assim faço todos os 365 dias do ano, agradecendo por aquilo que me foi dado, por aquilo que consegui, mesmo que pouco represente para a maioria. Não é o caso de se contentar com pouco, mas de dar valor ao que tenho e recebo.

Pode parecer cabotinagem barata de minha parte, mas quem me conhece sabe que encaro cada dia como se fosse um Natal, um aniversário. Afinal, depois do nascer renasce-se a todo instante. E nesse renascimento descobrimos que é possível fazer mais, que é necessário olhar para o outro, é simples estender a mão ao semelhante. Muitos não compreendem esses meus gestos, mas só assim sei existir. Do contrário seria um incompleto, um quebra-cabeças com peças faltantes.

Quando perguntado sobre o que gostaria de ganhar, o que sonho em ter, sempre respondo que não há presente melhor do que o intangível, o preponderante, o mínimo, o que somos. Assim sou, assim serei. Ao digitar a primeira letra do dia, não há como deixar de agradecer por ter sido contemplado com o dom de escrever. Mais do que isso, presente maior é ter quem leia aquilo que se escreve. O que pode ser melhor do que isso? Nada, tudo, o direito de escrever amanhã, depois, e depois… Mais e melhor, sempre melhor. Inspiração e determinação para escrever não têm me faltado. Afinal, penso, escrevo, logo existo.

Esse parto não se dá de forma una, pois apesar do isolamento redacional, da ermida jornalística a que me submeto com prazer, não existo só, por mais que assim seja. Existe-se na primeira pessoa do singular, mas a magia da vida acontece na multiplicidade dos plurais. Uno, sou múltiplo. Multiplicidade que ensina, que faz pensar, repensar. Reinventar, realizar, parar, só para continuar. E fazer mais, melhor, muito melhor. Por isso é Natal, por isso todo dia é sempre igual. Porque hoje é Natal, que é amanhã, que é todo dia, todo sempre.

Aos que permitiram que até aqui chegasse, um reverenciado e sincero “muito obrigado”. A cada um dos que diariamente me apoiaram e apoiam de forma incondicional, eterna gratidão. Sei que em gestos a gratidão deixa a desejar, mas de minh’alma vertem os mais castos e verdadeiros agradecimentos. Aos que diariamente dedicam-me confiança incondicional, retribuo com doses da importância que a escrita tem para mim. Sem isso, a escrita, sequer saberia ser como sou. Feliz, leve, com a sensação do dever cumprido, mas precisando fazer mais, muito mais. Pois o fim é a necessidade de um novo começo.

Ao Criador, não tenho palavras, mas um pedido: que permita-me fazer mais do mesmo, sempre. Aos leitores, muito obrigado. Aos seguidores, muito obrigado. Aos colaboradores, muito obrigado. Aos apoiadores, muito obrigado. Aos críticos, muito obrigado sempre. Aos invejosos, muito obrigado. Aos maledicentes, muito obrigado. Aos que torceram a favor, muito obrigado. Aos que torceram contra, também. Aos que acreditaram em cada palavra minha, escrita ou falada, muitíssimo obrigado. Muito obrigado todo dia, porque hoje é Natal. Todo dia é Natal, todo dia é dia, todo Natal é Natal. Todo Natal é dia, é noite… Tudo sempre, tudo todo, Natal tudo, Natal sempre. Seja feliz no Natal de cada dia. Seja Natal, seja feliz, seja cada dia, seja sempre. Seja! Feliz Natal, feliz!

(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, cronista esportivo, escritor e poeta.

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